Month: Novembro 2012

Convite: apresentação do Colectivo Libertário de Évora é já amanhã na “é neste país”


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(pede-se divulgação)

Convite

Os tempos que vivemos de cortes brutais nos rendimentos do trabalho e nas regalias sociais, que fomos conquistando ao longo dos anos, impõem novas alternativas e um esforço individual e colectivo para conseguirmos alterar o rumo que o capitalismo traçou para a Europa e para o mundo: uma maior miséria e, como em  todas as crises, o reforço do aparelho autoritário e repressivo dos Estados.

 

Enquanto libertários contestamos tanto a exploração económica, como a opressão política. Sabemos que os meios que utilizamos hoje, nas nossas lutas de todos os dias, contêm já em si os objectivos que pretendemos para a sociedade de amanhã. Por isso, defendemos os colectivos de base, as decisões tomadas em assembleias, com o mínimo de representação possível, a autogestão, a acção directa e o apoio mútuo. Somos pela decisão das maiorias, mas sem que isso implique o silenciamento das minorias, respeitando tanto os direitos colectivos como os individuais.

 

Tendo todos estes valores bem presentes decidimos constituirmo-nos em Colectivo Libertário de Évora para, em conjunto, divulgarmos, desenvolvermos e darmos contributos organizativos às ideias anarquistas, seja a nível local, seja a um nível mais alargado, uma vez que somos por um internacionalismo activo.

 

É este Colectivo que vamos apresentar esta terça-feira (poucas horas antes do início da Greve Geral de 14 de Novembro), na Associação Cultural “É neste país”.

 

Contamos com a tua presença.

 

(antes proceder-se-á à exibição do filme Terra e Liberdade, baseado no livro “Homenagem à Catalunha”, de George Orwell).

 

GREVE GERAL – 14 NOVEMBRO ESPANHA E PORTUGAL: OS MESMOS ROUBOS, A MESMA LUTA


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AIT-SP e a CNT-AIT apelam conjuntamente à participação de todos os trabalhadores ibéricos, com ou sem trabalho, na greve geral de 14 de Novembro, porque em ambos os países:

– governos e patronato recorrem a medidas de austeridade com o pretexto do combate à “crise”, que são autênticos roubos e intensificação da exploração da classe trabalhadora e aos sectores da população mais fragilizados;
– os governos sobem os impostos aos trabalhadores, diminuem-lhes os salários e reduzem direitos conquistados no passado com as suas lutas;
– os governos cortam nas pensões, nos subsídios de desemprego e nos vários apoios sociais, pagos de antemão pelos trabalhadores com os seus descontos, passando-se o mesmo tanto na saúde como na educação, em benefício sempre dos mesmos: o capital financeiro e o patronato em geral;
– os bancos recebem apoio financeiro do Estado enquanto as pessoas são obrigadas a entregar as suas casas aos bancos; o desemprego atinge mais de cinco milhões de pessoas em Espanha e cerca de um milhão em Portugal e a maioria da população enfrenta diariamente uma vida de pobreza e exploração;

– a economia capitalista e o Estado favorecerão sempre o patronato e os ricos, porém são os trabalhadores os verdadeiros produtores da riqueza social.
Somente a classe trabalhadora tem a capacidade de paralisar a economia de forma a fazer com que os governos cedam aos interesses da população explorada e oprimida. Para isso temos de ser capazes de ir mais além de paragens de 24 horas isoladas no tempo, mais além da paralisação pontual da actividade nas indústrias e sectores tradicionais, de encontrar formas de interromper todo o processo de produção e consumo, de incorporar na mobilização o conjunto da classe trabalhadora, por mais precarizada e dividida que esta esteja. Ganhar a capacidade de fazer o maior dano possível aos interesses económicos da elite empresarial e financeira é o objectivo principal da greve geral.
A greve geral deve também ser um passo para a autogestão, ou seja, para consciencialização de que a classe trabalhadora possui a capacidade para recuperar o controlo sobre a economia e para repartir com justiça a riqueza produzida, através de processos de participação directa e assembleária.
A AIT-SP e a CNT-AIT, como organizações anarco-sindicalistas que são, praticam um sindicalismo independente e revolucionário, de acção directa e apoio-mútuo, rejeitando a colaboração de classes e qualquer apoio do Estado e do capitalismo. Participamos na jornada de mobilização internacional de 14 de Novembro juntamente com as demais secções da Associação Internacional dos Trabalhadores, que luta pela construção de uma sociedade livre e igualitária, onde todos possam viver com dignidade.

Por uma greve geral por tempo indeterminado!
Pela auto-organização e auto-emancipação dos trabalhadores!

CNT/AIT

AIT-SP

aqui: http://ait-sp.blogspot.pt/2012/11/greve-geral-14-novembro-espanha-e.html

Exposição sobre Gonçalves Correia na Universidade de Évora até ao fim do mês


A exposição “Gonçalves Correia, a Utopia de um Cidadão” pode ser vista até ao fim deste mês de Novembro em Évora no corredor da Biblioteca Geral da Universidade de Évora. A organização desta exposição é da responsabilidade da Biblioteca José Saramago, de Beja. Sobre Gonçalves Correia, anarquista natural de São Marcos da Atabueira (Castro Verde), ver mais aqui: http://antoniogoncalvescorreia.blogspot.pt/

Anarquistas pela Greve Geral de 14 de Novembro


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(recebido com pedido de publicação)

A Greve Geral sempre foi considerada pelos anarquistas como um poderoso instrumento de luta e de combate. Numa altura em que todos nós, trabalhadores, desempregados, precários, estudantes, reformados, homens e mulheres de todas as idades, somos alvo de uma violenta afronta aos nossos direitos (dos salários aos subsídios sociais, da saúde ao corte nos direitos laborais, da educação à cultura) impõem-se, com renovada actualidade, formas de luta alargadas que mobilizem o maior número de explorados.

Apesar de críticos relativamente aos sindicatos do sistema – reformistas e colaboracionistas com o sistema político-partidário, sentados à mesa da concertação social, inundados de funcionários e de burocratas sindicais  –  e ao facto da greve geral do próximo dia 14 de Novembro estar a ser convocada mais como “um grito de protesto” do que uma afirmação clara de luta, consideramos que a alternativa aos cortes , à diminuição dos direitos laborais e à miséria só pode estar nas empresas, nas fábricas, nas ruas, no combate determinado de todos os explorados e oprimidos.

Por outro lado, ainda que os sindicatos da concertação social pretendam que esta greve assuma uma “dimensão nacional”, o facto de ter sido convocada simultaneamente em Portugal, Espanha e Itália faz com que a sua importância seja redobrada: a Europa dos explorados tem que se unir e fazer frente à Europa dos exploradores. Este é um primeiro sinal de que as palavras de ordem de protesto podem ser comuns e atravessar as fronteiras, encurralando o nacionalismo, que é o fomentador de todos os tipos de fascismo

Por isso, apesar de reconhecermos os limites e o carácter restrito desta Greve Geral, julgamos que dada a insatisfação reinante ela irá mobilizar muitas centenas de milhares de portugueses – e milhões de europeus – indignados e revoltados com a degradação das suas condições de vida e aspirando a uma nova organização social.

Nós preconizamos e lutamos por uma outra sociedade, de homens e mulheres livres e iguais, sem exploração nem opressão e sabemos qual o nosso lugar na sociedade: junto dos que sofrem e lutam.

Partimos, por isso, para esta Greve Geral com a convicção de que é nas empresas e nas ruas, nos bairros, que os anarquistas devem estar, divulgando as suas ideias, os seus modos de luta, a forma como se organizam.

Combatendo, de rosto aberto, as iniquidades, as injustiças, o medo e, ao mesmo tempo, denunciando os que, em nome dos trabalhadores, apenas pretendem criar-lhes novos jugos e novas submissões.

A acção directa, a sabotagem, a greve e a greve geral sempre foram os nossos instrumentos de luta. Ontem como hoje. Hoje como sempre.

Um grupo de anarquistas

Região Portuguesa,  Novembro de 2012

LIP: uma fábrica em autogestão! (Hoje, às 21,30H no Colégio Mateus Aranda, Évora)


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LES LIP, L’IMAGINATION AU POUVOIR ! DE CHRISTIAN ROUAUD (2007). É um filme sobre a fábrica de relógios LIP, ocupada em 1973 em França e que teve uma repercussão enorme em todo o mundo. A autogestão e a democracia directa levadas a cabo pelas operárias são agora tema de um filme/documentário que vai passar esta noite em Évora, às 21,30 no Auditório do Colégio Mateus Aranda. A organização é da Escola de Artes da Universidade de Évora e está incluído na 13ª festa do Cinema francês.

Da sinopse:

Filme legendado em português / Formato DVD / 118 min. / Documentário


A aventura começa a 17 de Abril de 1973, na fábrica de relógios LIP, em Palente, na periferia de Besançon. Outrora uma empresa próspera, a LIP encontrava-se então nas mãos de novos proprietários que apresentavam um plano de despedimentos dramático para os operários como única saída para a empresa. A resistência organizada pelos trabalhadores deu origem a um movimento de luta incrível, que durou vários anos, mobilizou multidões em França e na Europa, multiplicou as acções ilegais sem ceder a tentação da violência, apoiando-se na democracia directa e numa imaginação incandescente! E a pratica da autogestão afirmou-se como alternativa, utilizando o mote : “É possível: nós produzimos, nós vendemos, nós pagamo-nos“

“Terra e Liberdade”: um filme excepcional. Dia 13 na “É neste país” (Évora)


Terra e Liberdade/Land and Freedom 

(baseado no livro “Homenagem à Catalunha”, de George Orwell) – legendado em português

De Ken Loach, Inglaterra-Espanha-Alemanha-Itália, 1995.

Com Ian Hart, Rosana Pastor, Iciar Bollain, Tom Gilroy

Roteiro Jim Allen

Cor, 109 min.

 Obra-prima. Brilhante, emocionante, de fazer pensar e chorar. Desses filmes que fazem a vida valer a pena. (AQUI)

A Proposta Anarquista


A PROPOSTA ANARQUISTA

O anarquismo propõe a “a(n)- arquia”, ou, ausência de governo, de comando central. Contudo, a anarquia não é caos. O caos é a ausência de ordem, propósito; enquanto o anarquismo prega a ordem, a organização. Só que é uma ordem de outra natureza: de baixo para cima e não de cima para baixo, como propôe os capitalistas e os comunistas.

O anarquismo não é comunismo. O comunismo praticado pelos intérpretes do seu fundador, Karl Marx, nos chamados países socialistas, redundou em experiências autoritárias, violando direitos essenciais da pessoa humana; rígido controle social através de um partido centralizado; transformação de intelectuais desse partido numa elite privilegiada de burocratas; censura à imprensa; cassações e assasinatos de oposicionistas, entre outras violências.

O anarquismo rejeita a participação no parlamento, por entender que este é um lugar que serve unicamente para garantir os privilégios de uma classe dominante. Por isso, os anarquistas não se candidatam a nenhum cargo eleitoral (vereador, deputado, prefeito, governador, senador, presidente) e ainda participam do pleito eleitoral, pregando a anulação do voto.

Assim, o anarquismo é uma crítica radical à democracia formal parlamentar e seus representantes; por entender que nela o cidadão delega o seu poder em vez de exercê-lo.

Se o anarquismo não prega a democracia representativa, também, por sua vez, nega a chamada democracia participativa.

Na democracia participativa, o cidadão tem a ilusão de que participa, quando na verdade faz apenas referendar o que outros decidiram no seu lugar. Assim, por exemplo, no chamado Orçamento Participativo o povo é convidado não a decidir o que será gasto do que foi acumulado dos impostos pagos, mas apenas o quanto será gasto dentro de uma pequena margem imposta pela prefeitura.

Então, que tipo de democracia prega o anarquismo? Nós pregamos a democracia direta, que consiste na organização direta dos trabalhadores, desempregados e explorados sem a intermediação do partido político, do político profissional, ou de outro burocrata qualquer.

Assim, é realmente uma organização da sociedade de baixo para cima.

Se você quiser conhecer como isso funciona na prática (porque na teoria tudo é muito bonito!), venha as nossas reuniões. Lá você poderá participar e juntar a sua voz e suas ideias as nossas.

colectivolibeertarioevora@gmail.com

texto:Charles Odevan Xavier

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Greve Geral ibérica de 14 de Novembro: o sindicalismo não é todo o mesmo de um e de outro lado da fronteira


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“Levamos um mundo novo nos nossos corações” (Buenaventura Durruti)

A menos de duas semanas da greve geral ibérica (a que se juntou também uma das confederações sindicais italianas) é preciso salientar a diferença entre a organização sindical em Portugal e no Estado Espanhol. Em Portugal, por pressão do PCP e de sectores ligados à CGTP, logo a seguir ao 25 de Abril foi proibida a existência de outras centrais sindicais, por força da chamada “lei da unicidade sindical”. A própria UGT, criada por sindicalistas do PS e do PSD, tardou em aparecer – porque a existência de mais do que uma central sindical era ilegal. A lei foi alterada, mas o mal estava feito e o sindicalismo desacreditado e servindo de mera correia de transmissão dos partidos políticos. (Veja-se a promiscuidade da CGTP relativamente ao PCP ou da UGT em relação também ao PSD, mas sobretudo ao PS).

Em Espanha deu-se exactamente o contrário. O sindicalismo, que tinha sido uma das forças motoras da Revolução de 1936, com a CNT e a UGT, persistiu na clandestinidade e reforçou-se com o aparecimento das Comissiones Obreras, surgidas nas Astúrias após as greves mineiras dos anos 60. As CCOO foram inicialmente controladas pelo PCE, mas com a perda de influência deste partido transformaram-se numa central sindical heterogenea, cujas movimentações vão quase sempre a par e passo com as da UGT, ainda muito ligada ao PSOE. Este é o chamado “sindicalismo oficial”, mas para além dele existem várias centrais sindicais por todo o Estado Espanhol, sejam de âmbito estatal ou de âmbito regional.

No campo anarcosindicalista existem três centrais, cada uma delas com a sua especificidade. A CNT, a CGT, e a Solidaridad Obrera.

Em Espanha, a lei que rege os comités de empresa assenta numa espécie de parlamentarismo com eleição, nas empresas, dos representantes dos sindicatos, em listas próprias, um pouco como os deputados são eleitos para os vários parlamentos em listas partidárias.

A CNT, na altura, contestou este procedimento, dizendo que ele levava o parlamentarismo burguês para o mundo do trabalho e recusou-se a participar. Esta decisão motivou em 1979 uma cisão na CNT e alguns milhares de  militantes abandonaram a central sindical para formarem a CGT, que se transformou na terceira central sindical do país (depois das CCOO e da UGT,e que apresentou em conjunto com estas o pré-aviso para a greve de 14 de Novembro), com mais de 50 mil militantes e centenas de representantes sindicais por todo o país. Na actualidade as duas centrais sindicais – que se reclamam do anarcosindicalismo – têm efectuado diversas acções em comum e o seu relacionamento tem vindo a estreitar-se.

A Solidaridad Obrera, foi fundada em 1990, e é uma pequena central sindical, reunindo alguns sindicatos, sediada sobretudo na Catalunha, em Alicante e na região de Madrid, com influência nalguns sectores como os transportes e que tem realizado diversas acções em comum com sindicatos alternativos de várias regiões do Estado Espanhol. Reclama-se igualmente do anarcosindicalismo.

No campo do sindicalismo revolucionário merece ainda destaque o Sindicato Andaluz de Trabalhadores (SAT), que reúne trabalhadores de diversas correntes, mas que utiliza métodos e práticas anarcosindicalistas, como a prática assemblearia, a acção directa, etc., confluindo muitas vezes em acções com a CNT, a CGT e a SO. Esta influência é mais visível ainda no seu sindicato agrícola – o SOC (Sindicato dos Operários do Campo) – onde as referências e a militância anarcosindicalista são muito fortes.(O SOC ocupou há alguns meses uma grande propriedade na Andaluzia – a Somonte – onde está a ser posta em prática uma experiência de cooperativismo agrícola interessante). Neste momento – entre 1 e 4 de Novembro –  decorre uma visita à Andaluzia em que cerca de duas dezenas de portugueses, alguns deles libertários, outros ligados a colectivos alternativos, vão conhecer, no terreno, algumas das experiências mais importantes lideradas pelo SAT (Marinaleda, Somonte, etc.).

São estes sindicatos que, na sua diversidade, fazem com que o movimento sindical seja forte e expressivo do outro lado da fronteira, enquanto que em Portugal o reformismo das práticas sindicais – com centenas de funcionários e burocratas sindicais a viverem dos descontos dos trabalhadores – e a falta de alternativas ao bipolarismo sindical têm  levado à perda de influência do movimento sindical e ao seu mero papel de instrumento das estratégias partidárias – sejam elas do PCP (CGTP), ou do PS/PSD (UGT).