
Mário Gonzalez é um estudante da Faculdade de Ciências e Humanidades da Universidade Autónoma do México. Está em greve de fome há 43 dias, desde o dia 8 de Outubro. Preso quando seguia num autocarro, com outros jovens, no dia da manifestação (que terminou com confrontos com a polícia, a 2 de Outubro, na Cidade do México), foi torturado e, muito debilitado, corre risco de vida. Há um grande movimento de solidariedade em marcha em todo o mundo para com este jovem estudante anarquista mexicano.
Enquanto Mario González, estudante do Colégio de Ciências e Humanidades da UNAM (Universidade Nacional Autónoma do México) convalesce no interior do Reclusorio Oriente, a poucos dias da sua possível morte devido à greve de fome que mantém há mais de um mês, a sociedade mexicana dirige-se massivamente às lojas para ser roubada pelo crédito, passando assim a ressaca que lhes deixou a celebração do triunfo da sua patética selecção nacional. A possível morte de Mario não lhes magoa as consciências porque estão convencidos, devido ao pontificado das televisões, de que se trata de um vândalo, um ladrão, um terrorista: merece morrer na prisão.
Mário foi preso a 2 de Outubro passado, quando o fizeram descer de um autocarro, juntamente com outros estudantes, antes de que a manifestação e os enfrentamentos desse dia tivessem lugar e antes disso já ele estava algemado, já o estavam a torturar, já lhe davam choques eléctricos, já lhe tinham deslocado um braço. Há um mês já que quem entrou com ele no Reclusorio saiu em liberdade, sob fiança, enquanto que a ele o voltaram a prender e levaram-no outra vez para a prisão.
Não é o único que continua preso: no Reclusorio Norte permanecem outros oito presos que foram detidos durante a manifestação. Como mostram os vídeos, as detenções foram arbitrárias, não foi apresentada uma só prova contundente contra nenhum, a sua participação nos confrontos não foi corroborada a não ser pelos polícias que os apresentaram no MP e que não foram os mesmos que os prenderam. Sabemos que para o GDF (Governo do Distrito Federal), o correcto é estarem na prisão, que sejam castigados por terem acorrido a um protesto, por não serem potenciais vítimas do “bom fim” e por denunciarem a miséria, a injustiça e a corrupção do governo e do sistema.
A greve de fome de Mario está a poucos dias de acabar com a sua vida. A maior parte dos meios de comunicação guarda silêncio, a morte de um estudante arbitrariamente detido não lhes parece mais importante que a vida privada de um estúpido treinador de futebol. O próprio Estado ainda não se pronunciou publicamente, o Estado que é quem deve explicações à família de Mario e à sociedade que o verá morrer na prisão. O Estado é Miguel Ángel Mancera (chefe do governo federal, NdT) que deve explicar publicamente porque é que deteve Mario antes de começar a manifestação, porque é que ordenou que ele fosse torturado física e psicologicamente durante a detenção e já no interior do Reclusorio. O Estado é a CDHDF (Comissão de Direitos Humanos do Distrito Federal, NdT) que também não disse uma palavra nem cumpriu com a sua obrigação de salvaguardar a todo o custo os direitos de Mario. Mas o Estado são também as autoridades universitárias, às quais tão pouco parece preocupar que um dos seus estudantes venha a morrer na prisão por delitos que não cometeu.
Miguel Ángel Mancera quer que Mario morra na prisão.
José Narro Robles ( reitor da Universidade Autónoma, NdT) quer que Mario morra na prisão.
Lucía Laura Muñoz Corona (directora do Colégio de Ciências e Humanidades da UNAM) quer que Mario morra na prisão.
A sua possível morte excita-os, esperam-na com ansiedade. Quando acontecer, terão mandado a mensagem apropriada a todos os estudantes e a todos os que protestam contra as medidas que a classe dominante nos impõe todos os dias e em todos os âmbitos: o castigo por protestar é a pena de morte, questionar as decisões da Santa Reitoria e dos seus esbirros castiga-se com a tortura e com o assassinato; vale morrer de fome, humilhado e torturado dentro de uma cadeia sobrelotada. No fundo são apenas uns cobardes, autoridades patéticas que se escudam em discursos legalóides e pseudodemocráticos para imporem a sua lei, que não é sua mas dos seus patrões: Mario está preso porque o reitor e os seus escravos crêem que participou na ocupação da reitoria, na sequência de um conflito estudantil no CCH (Colégio de Ciências e Humanidades, NdT) Naucalpan em que tinha estado presente. Nem sequer são capazes de aceitar publicamente que o têm preso por razões políticas, não legais, e que é por essas razões que estão dispostos a deixá-lo morrer na prisão. As violações sistemáticas ao respectivo processo são tão evidentes que é perfeitamente possível intervir para que saia por via jurídica, e se não o fizeram é porque o consideram um inimigo político que deve perecer.
Se o Mario morrer, os responsáveis directos, os assassinos, serão o GDF (Governo do Distrito Federal, NdT) e as autoridades universitárias. Ter-se-á registado um precedente importante para o que virá a seguir nesta conjuntura álgida da luta de classes e da organização contra as reformas estruturais, particularmente no que diz respeito ao papel e ao compromisso assumidos peloes estudantes: o castigo por contradizer o poder é a tortura e a pena de morte e a garantia de que isso é assim é da responsabilidade das autoridades universitárias.
Mancera, Narro, Muñoz: Assassinos e torturadores!!
Liberdade imediata, absoluta e incondicional para Mario e reparação de todos os danos!
Liberdade para todos os presos do 2 de Outubro e para todos os presos políticos do estado capitalista!
Izquierda Revolucionaria Internacionalista Buenaventura Durruti
“Levamos um mundo novo nos nossos corações”
16 de novembro de 2013
Aqui: http://www.proyectoambulante.org/index.php/noticias/internacionales/item/3090-si-mario-gonzalez-muere-los-responsables-directos-los-asesinos-seran-el-gdf-y-las-autoridades-universitarias

Mario toma a palavra
Saudações desde o Reclusorio Preventivo Varonil Norte, sexta-feira-feira, 15 de Novembro, os magistrados da quinta sala negaram-me a liberdade sob caução alegando que sou um perigo para a sociedade, ainda que não haja qualquer prova contra mim mantêm-me preso, isto reafirma a cumplicidade repressora das diferentes instâncias do Estado.
Aos 41 dias de greve de fome mantêm-me privado da liberdade e apenas exijo o meu direito à liberdade provisória, de forma a conduzir o meu processo fora da prisão, o que não é nenhum favor, mas é o que as suas próprias leis permitem e que eles passam por alto, e por isso estou disposto a levar esta greve até às últimas consequências para alcançar a minha liberdade.
Mario González García, 18 de Novembro de 2013
http://solidaridadmariogonzalez.wordpress.com/

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