por Lucien van der Walt
(Tokologo African Anarchist Collective)
O nosso país está numa confusão. A fome, a pobreza, a exploração e a injustiça espreitam.
A classe trabalhadora e os pobres deparam, a cada passo, com os muros altos da injustiça, as cadeias do desemprego e as balas e os cassetetes da polícia.
Os conflitos agitam o país e as esperanças que brilhavam em 1994 estão a desaparecer, envelhecidas, enferrujando sob as águas da ganância, da opressão e da desigualdade; essas esperanças são como um sonho que desaparece quando se desperta para uma realidade sombria.
A questão nacional, as nossas profundas divisões de raça e nacionalidade, continuam sem solução: os políticos, pretos e brancos, pioram ainda a situação com o objectivo de obterem votos.
Nós vemos o Congresso Nacional Africano (ANC), partido que para muitas pessoas da classe trabalhadora encarnou tantas esperanças, a desiludir essas pessoas e a destruir essas esperanças. Vemos políticos do ANC a comprarem votos, a roubarem dinheiro, gerindo um sistema educativo que já ruiu e a esmagarem os trabalhadores e os pobres.
Vemos as diferentes facções do ANC fazerem as mesmas promessas falsas, mas o seu historial fala por si: no poder eram exactamente iguais. Vemos também os grandes partidos da oposição, como a Aliança Democrática (AD): mais promessas, mais mentiras, e todos com uma história terrível quando estão no poder.
Enquanto há milhões de desempregados, os que têm emprego trabalham horas sem fim, com suor, a sangrarem, rostos marcados pela exaustão. As grandes corporações capitalistas como a Lonmin espremem o sangue da classe trabalhadora; as grandes empresas governamentais como a Eskom reduzem os salários e forçam a subida dos preços.
Quem matou os trabalhadores em Marikana? A polícia? E quem mandou a polícia?
O governo do ANC e os seus amigos mais próximos, os generais do exército e da polícia, e as grandes corporações capitalistas.
As pequenas facções do ANC afirmam ser diferentes e atribuem-se mesmo outros nomes, mas apenas têm como objectivo regressar para o círculo dos ricos e poderosos, esquecendo o sofrimento das massas em troca de cargos altamente pagos , propostas de negócios e mansões nos subúrbios mais caros. Isto não pode continuar assim.
Está na hora da classe trabalhadora e dos pobres despertarem e afirmarem o seu poder para que possamos quebrar as cadeias, romper as ilusões, quebrar o ciclo de miséria.
Isto significa voltar ao essencial e construir o poder da classe trabalhadora e dos pobres através de organizações de massas, educação política e uma real percepção do objectivo: a luz brilhante do anarquismo e do sindicalismo.
Citando os Industrial Workers of Africa (IWA), a central sindical revolucionária que os nossos predecessores fundaram em 1917, em Joanesburgo, e que foi o primeiro sindicato negro no país:
Enquanto estavas a dormir, as fábricas do homem rico estavam a moer o teu suor em troca de nada.
Acorda! Abre os ouvidos. O sol acaba de romper e o dia está a nascer.
Tradução: CLE
aqui: http://zabalaza.net/2013/12/09/wake-up-the-power-of-the-working-class-and-poor/
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