(Agora que o Cante Alentejano foi colocado pela Unesco nos domínios do património imaterial da Humanidade, talvez faça sentido dar a ler, ou recordar, o texto que dei a lume – o primeiro a aparecer no Brasil sobre este tema – na página cultural MUSA RARA, dirigida pelo poeta e publicista Edson Cruz.)
Tenho seguido com algum interesse, alguma curiosidade e certa nostalgia as notícias e demais parafernália que vai rodeando o tentame, absolutamente correcto e bastante justificado, de conseguir que o “cante alentejano” seja considerado património cultural da humanidade.
Creio que o é já, independentemente de as entidades oficiais darem de maneira formal o seu assentimento. Tal como o flamenco, maravilha musical maior de “nuestros hermanos”, o cante alentejano é indubitavelmente uma das fórmulas vocais e poéticas mais belas que a imaginação, caldeada por anos de adequação intrínseca, deu à voz humana organizada num jeito peculiar.
Gostaria de pensar, de concluir e finalmente certificar que este movimento não está nem estará orientado – e muito menos capturado – por intenções de sectores que, por radical conceptualidade que pelos anos lhe tem sido própria, usam tentar colonizar todas as coisa que pareçam, ou se lhes antolhem, fazer aumentar a sua influência na manobra política e social.
O que no Alentejo, pelo tempo fora, tem sido por vezes demasiado usual…
Nicolau Saião (por email)