Month: Maio 2017

(crónica em tempo de selfies) Lá vamos cantando, rindo e votando… (1)


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Évora/Não há cão nem gato que não nos queira representar…

Enquanto anarquistas e libertários, determinados na mudança radical da sociedade e na transformação das relações sociais de poder e de produção, pouco nos diz o folclore eleitoral que, de quatro em quatro anos, arrebanha o gado eleitoral para o levar à mesa de voto, encerrando o seu papelinho numa “urna”, ou seja, num lugar destinado a mortos, em que o voto de nada vale porque todo o jogo está já previamente determinado pelos que gerem os cordelinhos do capital e do poder. Se votar mudasse alguma coisa, como sempre disseram os libertários, o voto já estaria proibido.

No entanto, enquanto colectivo sediado em Évora nada do que aqui acontece nos é indiferente, pelo que, após aturada reflexão, decidimos intervir nestas eleições. Não, claro!, apresentando listas ou participando no espectáculo cómico-doentio das eleições autárquicas – que poderiam ser um momento de afirmação do local e das propostas cidadãs, no espírito assembleario do municipalismo libertário, e se tornaram numa caricatura do que mais retrógrado e reaccionário tem o activismo político partidário na sua recorrente afirmação do “vota em mim que sou melhor do que o parceiro do lado”, transformando a vida local num pântano similar ao existente em termos de política nacional, em que os interesses e o modo de vida dos partidos e dos seus dirigentes (grandes, médios e pequenos) se sobrepõem às necessidades e aos interesses das populações em geral.

Para já não falar, claro, da corrupção que é generalizada a um e outro estrato do poder. Seja local ou nacional, a corrupção e o aproveitamento do público pelo privado (seja pessoal, partidário ou de grupo) está distribuído de forma muito iguaitária.

Não! Não iremos intervir desse modo porque isso significaria que também queríamos participar no banquete da representação e do uso e abuso dos bens públicos em proveito próprio ou de grupo e que, mais do que lutarmos por outra sociedade, estaríamos a aproveitar as migalhas que esta proporciona aos que seguem os seus ditames.

Não! Vamos intervir pela palavra e pela análise. Mostrar que aos pequenos reizinhos e rainhitas que se apresentam para o baile nada os diferencia e que bem podiam bailar juntos, sem esta multiplicidade de siglas e slogans; que à violência palavrosa destes períodos eleitorais, outros períodos houve – e outros haverá – em que reina a concórdia e que tudo se resume a uma questão de lugares e de quem está no poder; que de todas estas cabeças brilhantes, todas juntas, não há uma ideia para mudar o mundo e a sociedade, mas, no máximo, como ajudá-la a sobreviver e a ser mais eficaz no seu esforço de rapina e dominação. ´

É tão doce, é tão bom, ouvi-los na oposição e depois quando, nas cadeiras do poder, executam exactamente aquilo que criticavam na gestão anterior…

Fiquemo-nos, então, por este dado que parece sempre tão essencial nos políticos do costume: a renovação. Ou, como dizem, a mudança de políticas. Sabemos que até podiam ser os melhores candidatos do mundo, mas sabemos também que é impossível mudar o sistema por dentro. Mas, então, o que será possível com estes candidatos que se nos apresentam, tudo gente da política, enfeudados aos partidos, cheios de vícios e manhas e, embora a idade neste caso não seja um posto, mais próximos da reforma do que da capacidade de grandes transformações ou mudanças?

Onde é que está a dita e sugerida renovação? Para quê todo este espectáculo de gosto duvidoso?

A CDU segura o seu candidato, profissional político e autárquico, que conseguiu reconquistar Évora para a coligação do PCP consigo próprio há quatro anos: Carlos Pinto Sá, 59 anos, presidente de Câmara desde 1993 (Montemor, depois Évora);

O PS, depois do descalabro e da derrota há quatro anos, avança com Elsa Teigão, 50 anos, professora e líder da concelhia, tentando recuperar o terreno perdido;

O PSD, com apenas um vereador na Câmara, aposta num seu actual deputado, António Costa e Silva, de 49 anos;

O Bloco de Esquerda, sem qualquer vereador, insiste em Maria Helena Figueiredo, 62 anos, enquanto o CDS, que nunca teve qualquer eleito nos órgãos autárquicos do concelho, avança com Pedro d’Orey Manoel, de 48 anos, só para fazer número.

Admito que já estejam a bocejar. E ainda não chegaram as propostas de cada um deles. Talvez sejam menos ambiciosas que as 20 estações de metro da Cristas para Lisboa, mas haverá promessas para todos os gostos. Daqui até finais de Setembro é época de caça eleitoral.

Cidadão eleitor não te distraias. Se te apanham desprevenido, seja na Praça do Geraldo, junto ao mercado ou mesmo numa travessa suburbana, não há beijo, aperto de mão ou selfie de que possas escapar! E nem imagino o que vai ser a Feira este ano…

De tudo isso iremos dando notícia.

luís bernardes

(Portugal) Nova editora libertária edita livro sobre o anarquismo ilegalista


“Preferi roubar a ser roubado”, vários autores, Barricada de Livros, Lisboa 2017. 8 Euros.

Um novo livro de uma nova editora libertária que agora inicia o seu labor em consonância com o aumento da influência que o anarquismo está a ter, mais uma vez, em todo o mundo e, também, na Península Ibérica.

Trata-se do primeiro livro de uma nova editora chamada Barricada de Livros e nele estão incluídos textos, nunca editados em português, de anarquistas ilegalistas sobre o roubo revolucionário.

O ilegalismo é uma corrente minoritária e marginal dentro do anarquismo que defende o roubo das classes dominantes como forma de vida, de luta e de restituição.

Na introdução apresenta-se o ilegalismo na sua origem – a Belle Époque – e os seus fundadores mais importantes: Clément Duval e Alexandre Marius Jacob. Seguem-se as biografias destes e os seus textos. Depois apresenta-se o ilegalismo na Argentina – anarquismo expropriador – com biografia de Miguel Roscigna e o texto “O direito ao ócio e à expropriação individual”.

O título do livro “Preferi roubar a ser roubado!” é uma frase da declaração de Marius Jacob “Porque roubei?” e conta ainda com desenhos originais de José Maria Quadros.

À venda (ou se preferirdes roubar estais à vontade) nas melhores e mais marginais livrarias.

(Galiza) Saiu mais um número da revista Abordaxe!


Capturar .
Sumário:
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Abordaxe, revista anarquista nº6 · Primavera 2017
Editorial 5
O inimigo interno 6
«Fuck Europe!», «Fuck Germany!» 9
Os inicios do anarquismo ibérico contados pola «Benemérita» 12
Contra a Ciencia 14
Liberdade, seguridade e control. Estado, corporacións e cidadáns 16
Guiom para banda desenhada, se quadra… 22
A revolta compostelá de 1116–1117 25
A destrución como creación 28
A imaxe das mulleres nos conflitos armados. Pasamontañas, hiyabs e capitalismo baboso 30
Entrevista a Rojava Azadi 38
O anarquismo en Cuba, de 1857 a 2016 48
Banda deseñada: Que é o socialismo? Esas preguntas que todo o mundo evita para que non lle dean a chapa 57

aqui: https://vozcomoarma.noblogs.org/files/2017/05/Abordaxe-6.pdf

(25 Maio) ‘MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS’. Concentrações em Lisboa, Porto e Braga


porto

Lisboa: 18:00H, Praça Luís De Camões

Porto: 18.00H, Praça dos Leões

Braga: 18.30H, Avenida Central

MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS
NÃO À CULTURA DA VIOLAÇÃO!

O que é a cultura da violação?

A cultura da violação é aquela que encara as mulheres como objetos sexuais e de consumo masculino. É o entendimento de que as mulheres não são seres autodeterminados e donas da sua sexualidade.

A cultura da violação é aquela que afirma, confortavelmente, que os homens são incapazes de controlar os seus impulsos sexuais, desculpando, por isso, os comportamentos agressivos, procurando naturalizá-los.

Uma sociedade que aceita e assimila esta cultura é uma sociedade que relativiza os crimes contra a autodeterminação sexual: os homens não se conseguem controlar e as mulheres devem estar ao serviço dos impulsos masculinos. Esta cultura, ao invés de defender e proteger as vítimas, culpabiliza-as, trazendo para a discussão a forma como as mulheres se vestem, os locais que frequentam, as horas a que o abuso ocorre e o estado de lucidez da vítima e/ou do agressor como argumentos aceitáveis para o desagravo de um comportamento que é crime. Esta cultura tolhe a liberdade das mulheres, porque faz recair sobre elas a responsabilidade de não serem agredidas.

No país dos brandos costumes, as mulheres continuam a ser cidadãs de segunda. É contra isto que nos levantamos. Contra uma cultura que desculpabiliza a violência de género, que ignora os direitos humanos e que transforma as vítimas em culpadas.

Respeitamos todas as vítimas. Não temos a ousadia de dizer o que faríamos se estivéssemos no lugar delas, porque não estamos. A forma como cada mulher decide reagir perante o crime de que foi vítima é decisão sua e tem o nosso respeito e solidariedade.

Na próxima quinta-feira saímos à rua para denunciar e combater esta cultura. Saímos à rua para dizermos que não há nós e elas, aquilo que existe são mulheres que todos os dias enfrentam uma sociedade prenhe de violência machista. Elas somos nós. Mexeu com uma, mexeu com todas.

Acções em Braga, no Porto e em Lisboa

aqui: http://pt.indymedia.org/conteudo/destacada/36482

(Iniciativa Libertária) Solidariedade com os anarquistas e os trabalhadores venezuelanos


 

protestamayo2017

Caros companheiros de El Libertario,

Que chegue através de vós, a solidariedade que os companheiros portugueses da Iniciativa Libertária, dirigem aos trabalhadores, ao proletariado e a toda a classe dos explorados da Venezuela.

Acompanhamos os acontecimentos com grande atenção, raiva e preocupação; não seria a primeira vez, na verdade, que no vosso continente as “singularidades” resultam em novos cenários sombrios e trágicos, pingando sangue e marcadas por ditaduras ferozes!

Não ignoramos, é claro, que as forças da Reação, interna e externa; que os enormes interesses do Capital Financeiro; e, finalmente, em toda a área Neo-Imperialista, todos estão a trabalhar arduamente no sentido de orientar, em exclusivo, todo o movimento de revolta que diariamente sai à rua e enfrenta, pagando um preço muito alto, os detentores do Estado e os símbolos do privilégio nacional.

Em todos os casos, o que acontece confirma, mais uma vez, por um lado, que “não há bons poderes” … mesmo quando “se pintam de vermelho”, mais ou menos vivo; e em segundo lugar, que a resposta passa apenas através da unidade e da Solidariedade da Classe dos explorados e oprimidos de todo o mundo, para a Revolução Social e a construção de uma Sociedade de Livres e Iguais.

Iniciativa libertária – Lisboa, maio 2017

também aqui: http://periodicoellibertario.blogspot.pt/2017/05/solidariedade-com-os-companheiros-e.html

#NemMaisUma Violação em autocarro durante Queima das Fitas do #Porto


Capturar

#NemMaisUma Violação em autocarro durante Queima das Fitas do #Porto

Nos últimos dias começaram a circular denúncias relativas a uma violação que terá acontecido durante a Queima das Fitas do Porto, tendo terminado no domingo. As fotografias do violador e dos espectadores emergiram ontem, terça-feira, e não podíamos deixar de as replicar num esforço para que estas bestas não tenham como sair à rua sem sentir vergonha na cara.

A violação ocorreu num autocarro dos STCP cheio de estudantes, onde ninguém interveio de maneira alguma para a impedir. Pelo contrário, a larga maioria dos presentes parecia estar bastante divertido com a situação, pois foram tiradas fotografia e foi gravado pelo menos um vídeo. Desde a noite de domingo que o vídeo foi espalhado em redes sociais como o whatsapp, expondo a identidade da jovem abusada e celebrando o acontecimento.

No final do vídeo, vê-se claramente que a jovem está completamente perdida e não está na posse das suas normais faculdades. Embora não estejam esclarecidas todas as circunstâncias, parece fazer sentido o relato de que a sua bebida teria sido minada.

Não temos palavras suficientes para expressar a nossa solidariedade com a jovem abusada, nem o nosso nojo pela Besta e por todos os que assistiram sem nada fazer para o impedir. É aterrador e intolerável a onda de abusos durante as Queimas das Fitas por todo o país. A apatia (nuns casos) ou a euforia (noutros) com que os universitários convivem com este tipo de abusos no principal ritual da praxe académica, mostra que o trabalho de acefalização da comunidade estudantil feito durante o resto do ano é bem-(mal-)sucedido.

Aqui

através de http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/36307

Este post foi denunciado e apagado pelo facebook do site Guilhotina.info  depois de ter atingido mais de 500 mil pessoas e ter tido largas centenas de partilhas , alegadamente por ter “violado os padrões da comunidade” (seja lá o que isso for…)

 

(memória libertária) “O Rebelde”, uma publicação anarquista de Julho de 1975


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Ler o número completo

“O Rebelde” apenas publicou um número em Julho de 1975, em pleno Verão Quente. Editado por um pequeno grupo de jovens, que se reuniam na sede do “Movimento Libertário Português ” e de “A Batalha”, na Rua Angelina Vidal, a publicação ainda tinha evidentes traços do chamado comunismo de base ou conselhista na sua concepção ideológica. Eram tempos de confusão, em que a tradição anarquista estava a ser recuperada, mas em que ainda predominavam muitos tiques marxistas e guerrilheiristas.