Suécia: manifestação de apoio aos protestos de rua no Irão. Uma declaração anarquista.


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Declaração da Federação Anarquista do Irão e Afeganistão lida na manifestação em Estocolmo, na Suécia, no dia 28 de janeiro,  de apoio ao movimento social de protesto no Irão.

Tentamos ser a voz de uma grande parte dos que defendem o anarquismo no Irão e no Afeganistão e que, em todo o mundo, lutam pela liberdade e pela igualdade e que sacrificam as vidas por esta nobre causa; são camaradas e contemporâneos nossos, que hoje não estão aqui connosco, mas mantêm os baluartes de luta e resistência em todos os cantos deste globo.

Nós anarquistas, com todas as semelhanças e diferenças, estamos juntos e a continuamos nossa luta pela realização dos nossos objetivos, que são a libertação de todos os seres humanos das cadeias da escravidão, do colonialismo, da exploração e da opressão de classe. Por isso, o anarquismo para nós não é algo que poderá ou não ser possível amanhã. Pelo contrário, o anarquismo é para nós o ontem, o hoje e o amanhã. A nossa luta não conhece fronteiras nem geografias, o nosso baluarte é a rua e a nossa arma é a vontade coletiva.

Estamos no Afeganistão, ao lado dos nossos irmãos e irmãs afegãos que lutam com as próprias mãos contra o islamismo radical dos Talibã.

Estamos no Curdistão, no Baluquistão, no Cuzistão, no Lorestão, no Azerbeijão, … e em todas as cidades pobres e oprimidas, de norte a sul, de leste a oeste. Estamos presentes onde quer que o fascismo atinja os corpos dos oprimidos.

Estamos presentes no Iraque, no Sudão, no Líbano, na Palestina, na Líbia, no Paquistão, em Espanha, no Brasil, no Chile, no México e em todos os cantos do mundo onde a pobreza e a miséria, o colonialismo, a tirania e a exploração lançam uma sombra sobre os povos. O nosso mundo não tem fronteiras e as nossas lutas não conhecem território, língua ou raça, porque não acreditamos nelas.

Onde quer que haja uma luta contra o capitalismo, a ditadura, o patriarcado e a misoginia, contra o sexismo e qualquer outra forma de opressão e discriminação sexual e de gênero, estamos na primeira linha de resistência. Não temos nome, não temos líder, não temos partido, não temos chefes nem subordinados, somos “auto-organizados”.

Não estamos a lutar para tomar o poder em qualquer governo ou parlamento, mas queremos derrubar todo o tipo de autoridade e de autoritarismo. Não somos contra este ou aquele governo. Em vez disso, recusamos qualquer tipo de governo.

A liberdade para nós não nasce das urnas sob a bandeira do sistema capitalista, mas dos conselhos democráticos de autogestão, formados por todos os trabalhadores, nos quais são eles a determinarem o seu próprio destino. A liberdade para nós não se limita aos marcos legais determinados pelos capitalistas, pelos ditadores e seus representantes regionais.

Não temos “superiores”, porque somos o próprio povo, gente farta de discriminação, opressão e exploração.

Somos anarco-sindicalistas, trabalhadores que se organizam para se libertarem do jugo da exploração.

Somos anarcofeministas, mulheres que se organizam contra qualquer forma de discriminação sexual e de gênero, patriarcado ou estatismo.

Somos anarco-queer, uma das primeiras frentes de luta do movimento LGBT. Lutamos contra todas as formas de homofobia, transfobia, etc. Apoiamos a independência individual contra qualquer forma de autoridade.

Somos anarquistas individualistas e acreditamos que tudo que nos tira a liberdade deve ser destruído.

Somos anarquistas coletivistas e procuramos estabelecer uma sociedade igualitária, baseada na solidariedade e na participação coletiva e voluntária.

Somos anarco-comunistas e queremos que todos recebam quanto precisam e que seja pedido a todos o máximo que puderem dar.

Somos fortes defensores do meio ambiente e dos direitos dos animais. Acreditamos que a ordem vem da liberdade e qualquer ditadura e autoridade trará desordem.

Fomos e somos as primeiras vítimas dos sistemas autoritários na Rússia, China, Cuba, Hungria, etc. Fomos e somos prisioneiros de todos os governos, dos mais à esquerda aos que estão mais à direita.

Lutamos nas ruas e nas prisões sob a tortura brutal dos inimigos declarados da liberdade e o nosso sangue tem tornado vermelhas as calçadas de muitas ruas e praças em todo o mundo: Mas ainda existimos e resistimos com orgulho.

 Onde quer que a liberdade e a igualdade sejam limitadas, onde quer que a opressão étnica seja imposta às pessoas, onde quer que se  seja preso por se pensar de forma diferente, estamos presentes e lutamos contra essas restrições. Destruímos as portas das prisões, fomos e somos o pesadelo dos capitalistas, autoritários, machistas e fascistas.

Somos anarquistas e onde quer que exista uma fronteira que eles tracem, lutamos para ajudar os imigrantes indocumentados e requerentes de asilo, mulheres e crianças,as pessoas queer, os que são oprimidos.

Estamos a lutar no norte e no leste do Curdistão sírio – em Rojava – no local onde começou a revolução “Zhen-Jian-Freedom”. E esse mesmo slogan revolucionário ressoou em cada canto das ruas, das prisões e das escolas em todo o Irão e abalou o mundo.

Somos a continuação do caminho traçados pelos nossos camaradas e pelos amigos dos libertários que ao longo da história deram a vida pelos seus ideais e continuamos a resistir, sabendo que neste caminho cheio de altos e baixos a vitória será nossa e do povo .

Federação da Era do Anarquismo (Irão e Afeganistão)

Estocolmo – Suécia / 28 de janeiro de 2023 (8 de Bahman 1401)

aqui: https://asranarshism.com/fa/1401/11/08/stockholm-demonstration-1/

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