No dia 2 de Março de 1974 o anarquista catalão Salvador Puig Antich foi garrotado às ordens do Estado Espanhol. Militante do MIL (Movimento Ibérico de Libertação), Puig Antich e os companheiros apoiavam as lutas autónomas dos trabalhadores, recuperando fundos e constituindo-se como um pólo de acção directa contra o regime fascista e capitalista.
Puig Antich foi o último revolucionário a ser condenado à morte através do método do garrote pelo regime de Franco.
45 anos depois a sua memória está viva e foi constituída em Barcelona uma Comisssão que organizou a homenagem que vai ter lugar já esta sexta-feira, dia 1 de Março, e no sábado, 2 de Março.
Na sessão desta sexta-feira, em que participam vários oradores e artistas, vai também estar presente Francisco Fanhais, actual presidente da direcção da Associação José Afonso.
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Manifesto
Barcelona 2 de março de 1974 – 2 de março de 2019
“É projectando-nos no futuro, sentindo o peso do presente, que radica a nossa razão de ser” (Salvador Puig Antich, carta à sua irmã Marçona, escrita em Dezembro de 1973 na prisão Modelo de Barcelona)
No dia 2 de Março passam 45 anos da execução de Salvador Puig Antich na prisão modelo de Barcelona. Salvador, um membro do MIL (Movimento Ibérico de Libertação) foi um revolucionário anti-capitalista e libertário que direccionou a sua luta de acção autónoma no sentido da transformação radical da sociedade.
Desde 1974 muitas esperanças colectivas e sonhos foram frustrados e abortados, começando com a grande fraude social e histórica que foi a transição para a democracia herdada da ditadura que perpetua e mantém intacta a estrutura de dominação capitalista .
Ontem, como hoje, negam-nos a possibilidade e a capacidade de sermos nós mesmos, de sermos protagonistas das nossas vidas e da nossa história. Vivemos uma falácia de “liberdade” que apenas nos permite criticar o sistema, mas sem a possibilidade de nada mudar. Face à hegemonia do capitalismo global e corrupto, cada vez mais selvagem e explorador, que se afirma como a única alternativa de organização social e económica, temos que o enfrentar colectivamente através da auto-organização, da autogestão das lutas, da acção directa e da prática anti-autoritária, a fim de conseguirmos novos espaços que permitam desenvolver a alternativa de uma sociedade libertária futura.
O capitalismo global está a gerar uma nova escravidão para um grande número de pessoas que estão condenadas à miséria total, moral e económica. Nos últimos anos, o Estado espanhol tem-se envolvido de forma acelerada na repressão das liberdades e dos direitos fundamentais, e com o aumento de práticas autoritárias e reaccionárias.
Hoje, 45 anos após a sua morte, a sua memória vive em todos aqueles e aquelas que lutam contra a dominação exercida pelo capital e pelos seus lacaios em todas as suas formas. A sua memória, a sua vida imolada, eleva e enobrece esta luta desigual, mas inevitável e irrenunciável, contra as formas de dominação do capitalismo autóctone e global e dos seus servidores, no sentido da nossa verdadeira libertação, individual e social.
Comissão dos 45 anos do assassinato de Puig Antich”
aqui. https://45anys.salvadorpuigantich.info/