A corrupção e o peculato são a essência do Estado, sempre ao serviço dos interesses económicos e financeiros dos de cima.
Enquanto anarquistas sabemos que a Justiça é sempre uma justiça de classe, de grupo e de interesses. Sabemos as injustiças da Justiça, dita enquanto tal, e que quando age é sempre em funções de interesses particulares.
A acusação a José Sócrates e a outros elementos da “nata” política, financeira e empresarial, deve ser encarada neste contexto, mas esse facto em nada põe em causa a denúncia da espiral de corrupção e compra de favores generalizada com que as classes dirigentes e possidentes têm governado o país e os seus negócios, dando razão àqueles – como nós, anarquistas – que sempre denunciámos o apetite voraz com que os grandes grupos económicos e financeiros usam o Estado – como um mero instrumento ao seu serviço, colocando à frente das instituições públicas serventuários comprados a peso de ouro, chamem-se eles Sócrates, Vara ou outros quaisquer.
A acusação, hoje tornada pública, é um bom exemplo desta mistura entre Estado, classe política e mundo dos negócios. E essa mistura, intrínseca, mantém-se. Essa é a natureza do Estado, essa é a natureza da classe política: servir os interesses do capital e do mundo dos negócios. Ontem, hoje e sempre.