Indymedia Portugal de regresso. Parabéns! Faziam falta.


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Em Portugal nasceu no início do nosso século a “@zine” que depois se veio a transformar na pt.indymedia.org. Ao longo da década, os Centros foram sendo perseguidos ora pelo FBI ora pelos governos nacionais. O site da Indymedia em Portugal foi também atacado várias vezes, e esta é (cremos) a quinta versão do site em 22 anos! Vem com um design muito semelhante ao anterior.

No resto do mundo, a indymedia está a pouco vapor, com apenas alguns sites ainda on-line, como na Argentina, Barcelona, Atenas, Ecuador (nas redes sociais) ou em São Francisco. Faremos um esforço por contactar com estes coletivos para continuar a tentar trazer a indymedia de volta em todo o mundo.

Existem obviamente muitos outros projectos interessantes como os Medios Libres (um projecto de certa forma irmão da Indymedia), uma larga rede descentralizada de meios alternativos na Abya Yala (América do Sul) que tiveram as suas origens com as Zapatistas.

Há ainda projectos como o Centro de Medios Libres, a Rádio Kurruf, a Avispa Media, a Kaos en La Red, Channel Zero Network, a A-Radio Network, o Reseau MUTU , a Red de Medios de Los Pueblos, o El Salto, ou La Mula. Entre projectos amadores e profissionais, o mundo dos media mudou muito nas últimas décadas e continuará a mudar.

Este site que agora re-lançamos (de novo!), é um esforço conjunto entre vários coletivos, incluíndo:

Rádio Paralelo que foi quem manteve o domínio indymedia depois do último site desaparecer em 2018. A rádio paralelo está a partir montras desde 2016

PT Revolution TV que há 10 anos faz live stream de protestos e atos de contestação públicos

O eventos.coletivos.org, com o qual a Indymedia irá trocar conteúdo para informar sobre os eventos que as comunidades vão organizando. Este site é também de publicação aberta (moderada).

Agora que estamos de volta, queremos convidar todas as pessoas que participaram no passado, e deixar este projecto como legado às novas gerações.

CMI_PT

O grupo de trabalho que compõe esta nova edição do CMI ainda não está definido. Por isso, teríamos todo o gosto em que mais gente se juntasse ao grupo, e que pudéssemos em conjunto debater o que desejamos para o futuro da IMC.

Para já, criámos grupos de chat no Telegram e no Whatsapp, onde podemos entrar em contacto.

https://t.me/indymediapt

https://chat.whatsapp.com/JCbRSmeHykK2jWKpOObNeN

O Centro de Media Independente deveria preferencialmente ter redação física também. Isto não é impossível. Se um ou dois espaços por cada cidade instalassem um computador público com acesso à internet (e a este website) podíamos ter redações físcas onde trabalhar com as e os nossos companheiros para noticiar os protestos e manifestações e outras atividades que as nossas comunidades organizam.

Rádio

A Rádio Paralelo, disponível em radio.indymedia.pt é a rádio da Indymedia em Portugal desde 2016, e talvez uma das únicas restantes no mundo a manter esse nome. Está sediada no Porto, num computador velhinho, cheio de pelo dos gatos 🙂

Esperamos em breve conseguir abrir uma página de envio de ficheiros áudio diretamente para a rádio. Além disso, queremos abrir uma vaquinha online para recolher cerca de 200$ para um novo servidor.

Se quiseres colaborar com a rádio paralelo podes entrar em contacto connosco por email: paralelo@riseup.net ou por Whatsapp https://chat.whatsapp.com/CC6jOgodxzX2L6GdTbKCzd ou Telegram https://t.me/indymediapt/453

Federação

Uma das ideias que temos é recolher informação de outros sites libertários, anarquistas, ecologistas, queer feministas, etc. Para isso, precisamos de encontrar formas de colaboração explícitas entre a indymedia e outros meios, como por exemplo, o Jornal Mapa (o jornal mais bonito de todos), ou o Portal Anarquista (um dos maiores sites anarquistas em Portugal).

A hashtag #AltPT foi sendo usada ao longo dos anos coletivamente pelo Mapa, Guilhotina.info, Indymedia.pt, Portal Anarquista, que criaram a Rede de Informação Alternativa, e também pela PT Revolution TV.

Em 2016 decorreu em Coimbra o Encontro de Informação Alternativa. Aqui encontraram-se projectos do território português (Indymedia.pt, Jornal Mapa, Portal Anarquista e Guilhotina.info), de Madrid (Periódico Diagonal e Radio Vallekas) e da Catalunha (Jornal La Directa).

A Rede de Informação Alternativa surgiu em 2016 e foi um caso de colaboração entre vários coletivos de informação. O Portal Anarquista documentou em entrevistas uma série de conversas com os coletivos. Houve também uma entrevista com a indymedia.pt

As livrarias, bibliotecas e espaços anarquistas são um caso paradigmático da manutenção da informação digital fora da esfera das multinacionais, com quase todas as livrarias a manterem o seu próprio website, décadas fora. É o caso por exemplo da Gato Vadio, da Gralha (que está no mastodon), da Utopia, da Letra Livre, da Casa da Achada, do Centro de Cultura Libertária. A Disgraça mantém um site com calendário próprio, etc… Por contradição, os movimentos ecologistas, especialmente os de base, estão quase todos presos no facebook.

Gostaríamos de recolher os feeds de todos estes sites e criar um feed coletivo automático para juntar estes coletivos e dar ao público um espaço informativo de qualidade e livre através de RSS.

A “blogosfera” em portugal caiu nas mãos do instagram. A indymedia pode vir a ser um remédio coletivo para esta doença.

Será que podemos encontrar formas de partilhar conteúdos? Ou então, recriar redes de informação alternativa, onde possamos apoiar-nos mútuamente?

Estamos particularmente curioses com a possibilidade de sindicar conteúdo diretamente com os movimentos sociais. A ideia passa por receber os feeds diretamente dos sites ou blogues dos coletivos, movimetos, associações que compõem as lutas sociais. Para isso, esperamos conseguir contactar diretamente com cada um desses movimentos para entender qual a melhor forma de o fazer. Acreditamos que entre RSS e a publicação aberta conseguiremos fazê-lo técnicamente. Isto permitirá tornar a Indymedia de novo num centro importante de informação para as comunidades, depois do silênciamento imposto pelos estados, e da desintegração social e dos fluxos de informação digital (mas não só) efetuada pelo Facebook e outros que tais.

Isto é uma análise digital do mundo, será certamente limitada. Mas é feita em momento de inauguração de um site, portanto, vem em boa hora! Esperamos o vosso contributo. Os comentários e a publicação estarão sempre abertas. Vamos esquecer o facebook?

A história da Indymedia:

A rede Indymedia nasceu no calor da revolta de Seattle, como uma dimensão fundamental do movimento global. Um movimento que ultrapassa as tricas separadoras dominantes da acção política tradicional (reformismo/revolução, local/global, violência/não violência) e inventa respostas práticas para lhes esquivar (desde os Fóruns Sociais, como forma organizativa que tenta superar o canibalismo político, até à ‘desobediência civil protegida’, como original prática de rua). Várias centenas de activistas de meios de comunicação, juntamente com hackers e malta do software livre uniram- se, nos finais de Novembro de 1999, em Seattle, para criar um Centro de Meios de Comunicação Independente e cobrir os protestos contra a OMC. O sítio web aberto recebeu quase um milhão e meio de visitas durante a contestação à cimeira e converteu- se imediatamente no início de uma rede (que hoje tem mais de 100 centros, em todos os continentes) que promove uma informação outra no coração da globalização, na sua aorta comunicativa.

Centro de Media Independente

A rede IMC permite editar, de forma instantânea, notícias, relatos, análises, ou comentários, num sítio web acessível globalmente; anima a criação duma comunidade aberta e activa de utilizadores que se convertem, eles próprios, em meios de comunicação alternativa; reinventa um jornalismo político sem especializações. O CMI Portugal confia que as pessoas que publicam as suas notícias apresentem a sua informação de forma completa, honesta e exacta, evitando, dentro do possível, a simples propaganda. O conteúdo do sítio é, assim, criado através de um sistema de publicação livre: qualquer pessoa pode colocar notícias, seja em texto, seja em imagem. Através deste sistema de Média Directo, o CMI Portugal tenta causar o máximo de erosão possível nas linhas que dividem os repórteres daquilo que é noticiado, os produtores activos e a audiência passiva: as pessoas e colectivos podem falar por elas próprias.

aqui: https://cmi.indymedia.pt/

4 comments

  1. De facto a ideia do Indymedia fazia falta. Este Indymedia amiguista, que desde a sua ressurreição recente já censurou várias tentativas de publicar dois artigos, e cinco comentários, por razão mais alguma que o abafo de uma crítica, enquanto se pavoneia este golpe publicitário por entre um meio libertário avesso à crítica (e em que a crítica é controlada nas intersecções convenientes entre intervenientes de vários projectos, assim como um Rui Moreira e uma Selminho), este não fazia falta nenhuma.

    Nada de que ninguém queira saber aparentemente, o que importa é… bem, ninguém sabe, é deixar andar e assim

  2. Realmente, uma coisa que eu tenho estranhado é a utilização de meios de comunicação das grandes tecnológicas quando há meios alternativos que partilham o espírito libertário. Promover/comunicar valores libertários usando o Facebook, o Instagram ou o WhatsApp não faz sentido para mim!

    Se defendemos e queremos um mundo diferente, temos de o começar a construir! Não será usando plataformas dominadas por algoritmos que criam bolhas fechadas de interesse para os “amigos” que vamos divulgar os valores duma sociedade libertária!

    Há muito que existe o #Fediverso, com várias plataformas livres e gratuitas, abertas, onde seria muito fácil encontrar a informação e, ao mesmo tempo, permitir a cada utilizador preservar a sua privacidade, consoante as suas necessidades.

    Ao forçarmos as pessoas a usar as plataformas capitalistas só as estamos a fortalecer e a contribuir para o enfraquecimento do movimento libertário.

    Ao usarmos plataformas fechadas só estamos a condenar pessoas que fazem da recusa da utilização das mesmas um princípio de vida, uma revolta contra o sistema, como eu, a permanecerem sozinhas, isoladas de quem partilha os mesmos ideais.

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