Month: Outubro 2019

MANUEL HENRIQUES RIJO (1897-1974)


Nasceu em 1897, na Arruda dos Vinhos. Muito novo veio para Lisboa, entrando para o serviço da CP como factor na estação de Santa Apolónia.

Atraído pelo movimento sindical, começou a sua actividade no Sindicato dos Ferroviários da CP. Tendo tomado parte activa na greve de 1921 e esta sido vencida pela repressão do governo, ele e Mário Castelhano foram demitidos, começando entre eles uma fraternidade militante que só a morte interromperia.

Rijo seguia fielmente a posição sindicalista revolucionária mas, em 1926, no seguimento dos debates no seio da CGT em que os anarco-sindicalistas criticavam as posições indefinidas de alguns sindicalistas, tomou posição por aqueles. Entrou então para o Conselho Confederal em representação da Federação Ferroviária e depois foi eleito para o Comité Confederal assumindo a Administração de A BATALHA, continuando a acção porfiada por Manuel Figueiredo.

O 28 de Maio condensava uma ameaça séria para o movimento sindical. Após o 7 de Fevereiro de 1927 desencadeia-se uma vaga de prisões e Rijo e Castelhano são presos e deportados para Angola, onde permaneceram cerca de três anos, em Novo Redondo.

O precário estado de saúde de ambos ocasionou serem removidos para os Açores. Depois de ali se encontrarem deportados, eclode a revolta da Madeira, para onde se dirigiram, tendo ambos tomado uma parte muito activa na dinamização do movimento popular pela organização sindical insular. Vencido o movimento, conseguiram fugir clandestinamente para o continente.

Rijo volta ao Comité da CGT e nesta fase vem a ocorrer o 18 de Janeiro, em cuja preparação participa activamente.

Salvo das prisões em massa, vem a ser preso alguns meses depois por denúncia de José Gonçalves, que entra para o serviço da Pide.

Apesar da sua débil saúde, consegue vencer o cativeiro de vários anos, no Tarrafal, durante o qual coligiu muitas notas da vida naquele campo de concentração, e sobretudo reafirmativas da posição anarco-sindicalista. Morreu em Agosto de 1974.

E.S. (Emidio Santana)[1]


[1] Texto publicado na revista A Ideia, nº 16, inverno 1980, pág, 59. (https://aideiablog.files.wordpress.com/2017/12/a_ideia_16.pdf). Sobre a foto:  fotógrafo não identificado, sobre Manuel Henriques Rijo, ferroviário e militante anarcossindicalista, que esteve preso no campo de concentração do Tarrafal (Cabo Verde).

Esta fotografia foi conservada pelo seu cunhado Emídio Santana e por ele entregue ao Arquivo Histórico-Social, criado pelo Centro de Estudos Libertários, reunido em Lisboa nos anos 1980-1987, depositado na Biblioteca Nacional, e que integra o espólio de diversos militantes anarquistas e anarco-sindicalistas portugueses. (http://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/arquivo/index.php?p=digitallibrary/digitalcontent&id=656)

Solidariedade com Rojava: invasão turca representa “um potencial genocídio e limpeza étnica das populações locais”


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(Lisboa) Quarta-feira, dia 16 de outubro, às 17 horas – Concentração junto à Assembleia da República. 

(Lisboa) Sábado, dia 19 de outubro, às 15 horas – Manifestação entre o Príncipe Real e o Rossio.

Caros e Caras,

Durante a última semana assistimos a uma enorme ofensiva do exército turco no Nordeste da Síria. A operação “Nascente de Paz”, movida pelo segundo maior exército da NATO, com o apoio de milícias jihadistas, já provocou centenas de mortos e dezenas de milhares de deslocados.

Foi nesta mesma região que, há cinco anos, o mundo presenciou uma resistência sem precedentes contra as atrocidades do Daesh (o auto-proclamado Estado Islâmico). Foi também nesta região que assistimos a um projeto democrático revolucionário, pautado pela igualdade de género e pela tolerância étnica e religiosa, onde milhares de refugiados, no meio de uma das mais terríveis guerras, encontraram um porto seguro. É nesta região que milhões de Curdos, Árabes, Assírios, Yazidis, entre outros, coexistem pacificamente, construindo um projeto único de paz e democracia: em Rojava, também conhecida como Curdistão Sírio e como Federação Democrática do Norte da Síria.

A operação “Nascente de Paz”, sob pretexto de criar um corredor fronteiriço (em território sírio), representa um potencial genocídio e limpeza étnica das populações locais e levou já ao ressurgimento de células do Daesh em regiões previamente libertadas. Não podemos assistir impávidos a estes crimes contra a Humanidade. É necessária uma tomada de posição forte por parte de todos.

Por isso, na próxima quarta-feira (16 de Outubro às 17 horas: (www.facebook.com/events/536603667098892/) estaremos em frente à Assembleia da República, no dia de tomada de posse dos novos deputados eleitos, para exigir que enquanto representantes políticos se posicionem contra a invasão turca. Exigimos também um boicote total à Turquia. Não podemos ser cúmplices de um estado que assume uma agenda fascista! Não vamos abandonar Rojava!

No seguimento da chamada internacional de solidariedade com Rojava para acções a nível global, no próximo sábado (19 de Outubro às 15 horas: (https://www.facebook.com/events/1398798680285054/) voltamos à rua, numa manifestação que irá percorrer as ruas do Príncipe Real ao Rossio (Lisboa).

Urgimos a todos com sentido de responsabilidade social que se insurjam contra esta invasão e que façam a sua parte: organizem-se, consciencializem, divulguem, protestem! Juntem-se a nós!

Seguiremos em solidariedade com a resistência no Nordeste da Síria, até que todas as formas de fascismo se extingam!

Plataforma de Solidariedade com os Povos do Curdistão

Mais informações em: www.facebook.com/SolidariedadeCurdistao

Contactos para: solidariedadepovoscurdistao@riseup.net

#RiseUp4Rojava #WomenDefendRojava #BoycottTurkey

Se votar mudasse alguma coisa, seria proibido. Abstém-te!


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O circo eleitoral está de volta. Ainda não nos livrámos da hipocrisia impressa nos cartazes das eleições europeias e já nos vemos obrigados a suportar novas arruadas, programas eleitorais e carinhas sorridentes de falsos profetas de esquerda, de direita, de centro, de cima, de baixo;. Dizem-se socialistas, comunistas, liberais, ecologistas, animalistas, pensionistas, étecetera.

No dia 6 de outubro a canalha partidária volta a pedir os nossos votos para mais uma vez legitimar o roubo das nossas vidas. Como se servisse realmente para melhorar alguma coisa, o sistema democrático quer fazer-nos acreditar que o voto é uma “oportunidade”, uma forma activa de participar nas decisões que regem o nosso quotidiano, uma maneira de expressar o nosso consentimento e/ou dissentimento em decisões que nos concernem.

A realidade, no entanto, é bem diferente, o sistema democrático permite-nos simplesmente escolher quem nos vai “representar” na tomada de decisões, com uma carta branca para beneficiarem dessa enorme chucha onde todos os políticos mamam: a democracia parlamentar.

E é desta forma, pelo bem da cidadania, pelo bem do país, na defesa da tão “ameaçada” democracia e do “milagre económico português” que vemos os impostos e a exploração laboral a aumentar, os ordenados cada vez mais baixos, as rendas cada vez mais altas, a repressão e o racismo sempre presentes, as prisões a abarrotar, a agricultura intensiva a envenenar populações e a confiança cega num progresso que sempre beneficia uma minoria sedenta de lucro; e após cada ida às urnas o que se reduz drasticamente é a possibilidade de nos opormos a tudo isto.

«Em democracia, existe uma oposição para representar a opinião contrária», dizem eles; mas não são o governo e a oposição as duas caras da mesma moeda? O sistema democrático é um truque de magia bem encenado para nos iludir e fazer crer que a nossa escolha pode fazer a mudança, uma canção de embalar para que durmamos tranquilos.

No entanto, enquanto dormimos, o senhorio vem bater à nossa porta para nos despejar, o patrão telefona-nos para nos despedir, as finanças enviam um email para cobrar mais um imposto, a polícia ajuda estes todos e o político promete-nos que as coisas vão mudar.

«Em breve. Cedo. Talvez. Quando? Vote em mim e depois logo se vê…». É o circo eleitoral! Os palhaços do costume, alguns palhaços novos e a mesma arena cheia de merda onde chafurdam arrivistas, chupistas e lobbistas.

A abstenção é a única resposta digna, uma abstenção activa que mostre que não precisamos de nenhum governo, a organização das nossas vidas é feita em cada casa, em cada rua, em cada bairro, em cada bocado de terra cultivado, promovendo aquilo que sempre soubemos fazer em pequena escala: a entre-ajuda, as decisões tomadas cara a cara, os conflitos solucionados sem personagens fardados pelo meio (padres, juízes, militares ou polícias), uma vida livre de mediadores profissionais que servem sempre os mesmos interesses (pessoais, do partido, do capital étecetera), uma vida livre de políticos!

Contra todos os governos, recuperemos as nossas vidas!

aqui: https://www.facebook.com/disgracadiycenter/posts/2082773715364435

(Lisboa) Centenário do jornal A Batalha. Inauguração 9 de outubro, 17 horas, na Biblioteca Nacional.


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Centenário do jornal A Batalha

EXPOSIÇÃO | 9 out. ’19 | 17h00 | Mezanine | Entrada livre / até 27 dez. ’19
LANÇAMENTO do livro “Surgindo vem ao longe a Nova Aurora…” | 9 out. ’19 | 18h00 | Auditório | Entrada livre

Exposição comemorativa dos cem anos da fundação de A Batalha (1919-1927), com curadoria de António Baião (CEPS), António Cândido Franco (UE) e João Freire (ISCTE-IUL).

No dia da inauguração António Ventura apresenta a reedição do livro de Jacinto Baptista “Surgindo vem ao longe a nova Aurora…”, da editora Letra Livre.
Aos 23 de fevereiro de 1919 aparecia em Lisboa este diário, «Porta-voz da organização operária portuguesa», tendo como redator principal o tipógrafo Alexandre Vieira. Chegou a ser considerado como a terceira maior tiragem nacional. Ilegalizado em 1927, teve várias fases de clandestinidade e ressurgiu em 1974, sob a direção de Emídio Santana. Mas foi sobretudo uma obra coletiva de vontades livres.

O jornal e a Confederação Geral do Trabalho (CGT) foram duas das melhores expressões da ideologia operária sindicalista-revolucionária, muito ativa no início do século XX.

Ocorre também este ano a efeméride dos 45 anos de criação da revista A Ideia, recordando-se aqui igualmente a sua trajetória, desde Paris, em abril de 1974, até ao atual n.º 84/85/86 como «revista de cultura libertária».

Próximos eventos no âmbito dos cem anos da fundação de A Batalha:

Quatro itinerários anarquistas: Botelho, Quintal, Santana e Aquino
LANÇAMENTO | 12 nov. ´19 | 18h00 | Auditório | Entrada livre
Lançamento da obra de João Freire, numa edição A Batalha, apresentada por José Pacheco Pereira.

A Batalha: 100 anos
COLÓQUIO | 10 dez. ’19 | 15h00 | Auditório | Entrada livre
Colóquio organizado pelo jornal A Batalha, pelo IHC – Instituto de História Contemporânea, pólo de Évora, e pelo CEPS – Centro de Ética, Política e Sociedade, da Universidade do Minho.

aqui:http://www.bnportugal.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1492%3Aexposicao-centenario-do-jornal-a-batalha-9-out-27-dez-19&ca