Month: Outubro 2018

FAI desmente que o grupo português UAP esteja federado na organização


Capturar1

Há uns dias surgiu um novo grupo fechado no facebook auto-intitulado Grupo de Debate UAP-FAI, em que se anunciava a criação da União Anarquista Portuguesa, filiada na FAI, e de um Grupo de Debate “aberto a todas as pessoas (não membros da UAP-FAI) afectas à ideologia anarquista e simpatizantes e membros da UAP-FAI”.

Desconhecendo totalmente a existência deste grupo (cujos impulsionadores diziam não conhecer as próprias organizações, grupos ou estruturas existentes em Portugal no campo libertário) e estranhando a sua filiação na FAI, cuja actuação acompanhamos de forma próxima, contactámos os companheiros da Federação Anarquista Ibérica que, por mail, informaram-nos que este grupo não está filiado na FAI. Apenas lhes foi enviado, a seu pedido, o Pacto Associativo da Federação.

Capturar

Julgamos não se tratar de nenhuma acção provocatória ou com segundas intenções, sendo a hipótese mais provável a juventude dos seus membros e o seu conhecimento incipiente do campo libertário, desconhecendo a história da FAI e a forma como se relacionam entre si os grupos anarquistas, sobretudo os federados numa associação de dimensão ibérica – onde o capital de conhecimento e de confiança são essenciais.

Em mensagem privada já solicitámos que o grupo, a bem da verdade, retire a referência à filiação na FAI – por ser mentirosa. Tudo o resto não tem problema. Qualquer pessoa é livre de criar um grupo anarquista, mesmo que retome um nome histórico do anarquismo  – a União Anarquista Portuguesa, criada em 1923, e a que pertenceram grandes nomes do anarquismo luso.

Capturar2

aqui: http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=09806.031

 

 “A democracia está em perigo!”: que respondem os anarquistas a essa armadilhada voz de alarme?


Capturar

A democracia está em perigo!, como esteve ontem e anteontem, como estará amanhã. Hoje no Brasil, antes no Chile, depois na Alemanha e, talvez em breve, na Malásia.

A democracia está em perigo porque as pessoas votam e para suster o perigo chamam-nos para votar. Votar para fortalecer a democracia que o voto põe em perigo. A democracia está em perigo porque pode ganhar a direita que foi às eleições e para travar esse perigo pede-se a tod@s, incluindo @s anarquistas, que votem, não anulando o voto nem abstendo-se, mas que votem no candidato “progressista” de turno. Assim passará o perigo que a democracia corre, pondo no governo alguém que nos governe, do mesmo governo que já nos governou e que pôs a democracia em perigo por estar fraco para estas eleições…

A questão é que te pedem para votar não por convicção, mas por medo. A política deixou de ser política para ser pura emoção. Não se trata de votar conscientemente, trata-se de votar contra o medo, como se fosse um amuleto, um esconjuro.

Quando chega a hora de governar, superado o perigo, o “progressista” no poder reprimirá sem hesitar quem nele votou, especialmente o cândido anarquista que cheio de emoção foi votar sem pensar, apenas sentindo medo. Se não votas vão-te dizer que não fizeste nada, a culpa será sempre tua. Se votas governarão sem te levar em linha de conta, na verdade é assim a democracia.

A democracia está sempre em perigo quando a xenofobia é grande (se é pequena não importa…), a democracia está sempre em perigo quando o racismo é muito (se é pouco a visibilização pode remediar…), a democracia está sempre em perigo quando a homofobia é muita (se é pouca um travesti na televisão pode ser uma solução…), a democracia está em perigo quando há um grande ataque à cultura (se é pequeno, uma bolsa ou umas viagens ajudarão…).

A democracia está em perigo, antes e depois, quando te pressionam para votar com base na culpa e no medo. Passado o perigo eles terão os seus lugares e os seus postos: o desemprego, a falta de apoios, a falta de cuidados de saúde, os atropelos à cultura serão para ti. Hoje o teu voto vale. Amanhã, tu, mais uma vez, não vales nada, ganhe este ou ganhe aquele.

Pelao Carvallo

aqui: http://acracia.org/democracia-en-peligro-que-respondemos-desde-el-anarquismo-ante-esa-tramposa-voz-de-alarma/

 

(Brasil) Panfleto difundido durante o Ato antifascista em Porto Alegre, no dia 11 de outubro


o fascismo mata

capoeira

No Ato Antifascista, do dia 11 de outubro, em Porto Alegre,  muitas vontades e formas de luta se juntaram para mostrar que, apesar das vergonhosas percentagens de eleitores que optaram pelo fascismo, existem pessoas que pelo menos sairão nas ruas para mostrar um rechaço ao totalitarismo.
Muitas bandeiras se fizeram presentes no ato: A torcida antiracista/antifascista, feministas, antiespecistas, estudantes, anarquistas de várias propostas, bandeiras da diversidade sexual, bandeiras contra o racismo, um bando  de capoeiras quem, armados de berimbaus e uma faixa  que dizia: Capoeira Angola Contra o Fascismo. Mestre Moa Presente. Vidas Negras Importam, deram resposta de força diante do assassinato bolsonarista do Mestre Moa, na Bahia. Outra faixa lembrava aquela frase muito oportuna de Marighela: Não Temos Tempo Para Ter Medo, como conjurando o afastamento desse sentimento nestes tempos difíceis. Marielle Presente! gritava mais uma faixa, repudiando o assassinato para-estatal acontecido no Rio de Janeiro. Assim, foram várias as expressões que criaram uma turbulência de coletividades e individualidades no rechaço à figura do fascismo atual, Jair Bolsonaro.
A caminhada fluiu sem demoras. Claramente ecoava com mais força  “ele não” e frases de rechaço ao fascismo. Mas, nos gritos, também podia se aperceber a intenção de alguns partidos, de esquerda, por se apropriar do ato fazendo campanha, seu empenho para se aproveitar de toda luta não tem limites. Foram eles, os da esquerda partidarista, quem propuseram terminar o ato no Largo do Zumbi, após menos duma hora de caminhada.
Felizmente, nesse momento, algumas pessoas mais se juntaram e chamaram para que o ato continuasse, e continuou. Há tempo não se via um tumulto assim na cidade, um tumulto sob a consigna de oposição ao autoritarismo. É importante ressaltar que estas primeiras saídas  nas ruas, são sinais significativas, tanto para nós que odiamos todo tipo de autoridade, quanto para os inimigos, de que haverão respostas diante do ressurgimento do autoritarismo, esta vez democraticamente eleito.

CapturarCapturar1

A KROPOTKIN 


A KROPOTKIN

Aos jovens, Kropotkin escreveu:

Façam de vosso trabalho sua revolta

De suas mãos, uma ferramenta

À libertação.

Médico, professor e engenheiro,

Estudante das leis contra as normas e

A favor da justiça

Poeta, vá contra as formas.

Cure, ensine e construa,

Defenda e imagine o mundo

Que virá a seguir.

Vossos passos, vossos atos,

Se em ti vive,

Se tu o sentes,

Se crês nas obras

Do que estão ao teu lado,

Seja agora a inspiração

Dos que ainda hão de vir.

Seja agora o alívio

Dos que sofrem desamparo,

Seja o remédio, a lição e o projeto

Para edificar a revolução.

Não como dádiva,

Ou curso natural,

Mas como fruto de tuas mãos.

Pelo exemplo chame

Tua irmã e teu irmão,

Pela gentileza mantenhas viva

A fagulha de teu coração.

Resistir nada mais é

Que saber estar no presente e

Colocar de acordo

Sentimento,

Pensamento e

Ação.

Existir é fazer da vida

Projeto para o futuro.

Augusto de Sousa

(enviado por email)