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ANARQUISMO E MARXISMO, por René Berthier


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O texto que se segue foi redigido a pedido dos companheiros do Grupo Pierre Besnard no final dos anos 90 no âmbito de uma sessão de formação interna.

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René Berthier

     O colapso do bloco soviético parece suscitar nalguns camaradas receios quanto a uma eventual recuperação de ideias próprias ao movimento anarquista pelos sobreviventes do marxismo, desejosos de restaurarem uma virgindade.

     É um receio justificado, e essa recuperação não é um fenómeno novo, uma vez que começou ainda em vida do próprio Marx, tendo já sido denunciada por Bakunine.

     Penso que a primeira medida a adoptar para contrariar essas recuperações seria exprimir as nossas próprias posições de forma clara e pública. Ora, estamos muito longe disso. Imaginar-se-á por exemplo que o marxismo teria podido existir se as obras de Marx, Engels e Lenine nunca tivessem sido publicadas e comentadas em edições de preço acessível a toda a gente? Ora, o que se passa com as ideias anarquistas? Os livros de Bakunine, de Proudhon e de Kropotkine são pràticamente impossíveis de encontrar e, que eu conheça, não existe nenhum comentário desses autores digno desse nome estritamente anarquista. Somos portanto os primeiros responsáveis pela recuperação das nossas ideias pelos nossos adversários políticos.

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OS ANARQUISTAS E O SUFRÁGIO UNIVERSAL


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por  René Berthier (*)

     A oposição dos anarquistas à participação do movimento operário na instituição parlamentar baseia-se no que eles consideram como o carácter de classe da mesma, a sua função na sociedade capitalista moderna, o desvio do programa operário provocado pelas alianças contra-natura que essa participação implica, o fosso que se cria entre o eleito e o eleitor e, finalmente, a negação da solidariedade internacional que inevitàvelmente surge. Não basta dizer que a instituição parlamentar impõe ao proletariado um jogo arriscado: as principais objecções advêm de que a própria classe dominante não hesita em deitar a democracia parlamentar pela borda fora quando os seus interesses estão em causa.

     A burguesia não brinca!

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O ANARQUISMO E A NOÇÃO DE PARTIDO


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por  René Berthier

  O significado da palavra «partido» evoluiu. Inicialmente significava muito simplesmente «o conjunto das pessoas que tomam partido por uma causa» — na ocorrência, o comunismo. Se se ler atentamente o Manifesto Comunista de Marx, é nesse sentido que a palavra «partido» é empregue, e não no sentido de «organização estruturada que reune pessoas com vista a um objectivo político». De facto, nessa época os «partidos» no sentido moderno da palavra não existiam.

     Posto isto, as palavras não são inocentes, e a reivindicação do conceito de «partido» por certos anarquistas, no sentido moderno, deveria ser feita com prudência. Alguns grupos anarquistas, saídos da tradição plataformista, e reivindicando-se do antecedente de Malatesta, são com efeito tentados a constituir um «partido anarquista».

     O emprego da palavra por Malatesta não é de resto homogéneo. Na citação a seguir, deve entender-se a palavra «partido» na primeira acepção que referi:

     «Por partido anarquista entendemos todos os que querem contribuir para o advento da anarquia, e que por conseguinte precisam definir um objectivo a alcançar e uma via para o atingir» («Noi intendiamo per partito anarchico l’insieme di quelli che vogliono concorrere ad attuare l’anarchia, e che perciò han bisogno di fissarsi uno scopo da raggiungere ed una via da percorrere.» [Organizzazione 1897, «Organizzatori e antiorganizzatori» in L’agitazione, Ancona, [4 de Junho de 1897].)

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 “A democracia está em perigo!”: que respondem os anarquistas a essa armadilhada voz de alarme?


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A democracia está em perigo!, como esteve ontem e anteontem, como estará amanhã. Hoje no Brasil, antes no Chile, depois na Alemanha e, talvez em breve, na Malásia.

A democracia está em perigo porque as pessoas votam e para suster o perigo chamam-nos para votar. Votar para fortalecer a democracia que o voto põe em perigo. A democracia está em perigo porque pode ganhar a direita que foi às eleições e para travar esse perigo pede-se a tod@s, incluindo @s anarquistas, que votem, não anulando o voto nem abstendo-se, mas que votem no candidato “progressista” de turno. Assim passará o perigo que a democracia corre, pondo no governo alguém que nos governe, do mesmo governo que já nos governou e que pôs a democracia em perigo por estar fraco para estas eleições…

A questão é que te pedem para votar não por convicção, mas por medo. A política deixou de ser política para ser pura emoção. Não se trata de votar conscientemente, trata-se de votar contra o medo, como se fosse um amuleto, um esconjuro.

Quando chega a hora de governar, superado o perigo, o “progressista” no poder reprimirá sem hesitar quem nele votou, especialmente o cândido anarquista que cheio de emoção foi votar sem pensar, apenas sentindo medo. Se não votas vão-te dizer que não fizeste nada, a culpa será sempre tua. Se votas governarão sem te levar em linha de conta, na verdade é assim a democracia.

A democracia está sempre em perigo quando a xenofobia é grande (se é pequena não importa…), a democracia está sempre em perigo quando o racismo é muito (se é pouco a visibilização pode remediar…), a democracia está sempre em perigo quando a homofobia é muita (se é pouca um travesti na televisão pode ser uma solução…), a democracia está em perigo quando há um grande ataque à cultura (se é pequeno, uma bolsa ou umas viagens ajudarão…).

A democracia está em perigo, antes e depois, quando te pressionam para votar com base na culpa e no medo. Passado o perigo eles terão os seus lugares e os seus postos: o desemprego, a falta de apoios, a falta de cuidados de saúde, os atropelos à cultura serão para ti. Hoje o teu voto vale. Amanhã, tu, mais uma vez, não vales nada, ganhe este ou ganhe aquele.

Pelao Carvallo

aqui: http://acracia.org/democracia-en-peligro-que-respondemos-desde-el-anarquismo-ante-esa-tramposa-voz-de-alarma/

 

(memória libertária) “Greves e lutas insurgentes: a história da AIT e as origens do sindicalismo revolucionário”


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aqui: http://www.historia.uff.br/stricto/td/1735.pdf

Acaba de ser disponibilizada na internet a tese académica “”Greves e lutas insurgentes: a história da AIT e as origens do sindicalismo revolucionário”, de Selmo Nascimento. Mais um contributo para as origens do associativismo internacionalista proletário e do sindicalismo revolucionário.

(“A IDEIA” à Conversa com Carlos Taibo) Sobre a Revolução Russa


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Carlos Taibo (n. 1956) é um sociólogo e activista ligado ao movimento libertário espanhol. Com vasta obra, o seu pensamento singulariza-se em cruzar a tradição libertária – apoio mútuo, autogestão, federalismo – com a ideia de decrescimento (Sérgio Latouche). Acabou agora de publicar Anarquismo y revolución en Rusia [1917-1921] (Los Libros de la Catarata, Madrid, 2017, 288 pp.), um largo estudo em oito capítulos em que se abordam os tópicos libertários da revolução russa – a oposição conselhista bolchevique, as diversas correntes do anarquismo russo, a comuna rural, a participação libertária nos sovietes, a aberração produtivista, a revolta de Cronstadt, a guerrilha camponesa na Ucrânia e a figura de Nestor Makno. Mantivemos com ele uma conversa sobre o livro e as questões mais escaldantes da revolução.

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Bertrand Russell: um filósofo fora do “baralho” das ideias feitas


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Bertrand Russell foi um dos maiores filósofos e matemáticos do século XX, desenvolvendo uma obra e um activismo ímpar ao longo do século em que viveu.

Bertrand Russell simpatizou ao longo de toda a sua vida com o anarquismo, muito embora tenha abraçado a ideia de um Estado Mundial (*) para acabar com as guerras entre as nações. Com a idade de 23 anos, o jovem aristocrata é descrito na sua biografia como alguém com tendências anarquistas.

Russell conhecia o sentido e o significado do anarquismo quando escreve em 1918, pouco antes de ser preso por ter denunciado a legitimidade da I Grande Guerra Mundial, o livro “Roads to Freedom: socialism, anarchism, and syndicalism”, onde inclui uma citação de Lao-Tzu:

Production without possession
Action without self-assertion
Development without domination (**)

Num fundamentado texto da sua autoria, Russell define o anarquismo como a teoria que se opõe a toda a espécie de governo que resulte de uma imposição à força. A liberdade é o supremo bem do credo anarquista, devendo a liberdade ser entendida como a via mais directa para a abolição de todo o controle forçado sobre os indivíduos pela comunidade. Russell defende que o anarquismo deve ser o ideal último para o qual a sociedade deve continuamente aproximar-se. Aliás, o próprio Russell defende que o anarquismo está particularmente ajustado em áreas tão diversas como a arte, a ciência, as relações humanas, a alegria e o gozo de viver.

No entanto, ele confessa que por enquanto, e nos tempos mais próximos, será muito difícil que este sonho se venha a realizar. Numa sua obra de juventude “Principles of Social Reconstruction” (1916), ele admite que o Estado e a propriedade são as duas mais poderosas instituições no mundo moderno. Porém, ao mesmo tempo que tenta demonstrar quanto dispensáveis são muitos dos poderes estatais, também aceita a utilidade de outros a fim de evitar a substituição da lei pela força nas relações humanas. “A anarquia primitiva, que antecedeu a lei, era muito pior que a lei”, escreve Russell. O Estado teria também, segundo ele, um papel positivo a desempenhar na educação obrigatória, na saúde e na administração da justiça económica.

Apesar das fortes críticas de Bakunine e de Kropotkine contra o Estado, Russell admite que alguma coerção da comunidade deva subsistir sob a forma de lei, assim como o Estado é uma instituição necessária para a realização de certas e limitadas tarefas. Sem o Estado o forte poderia oprimir o fraco. Defendia, entre todas as ideologias então referenciadas, o socialismo corporativista (guild socialism), se bem que sempre recordando que “o livre crescimento do indivíduo deva ser o fim supremo de todo o sistema político”. Num dos números do jornal anarquista Freedom (fundado por Kropotkine) o livro “Roads to Freedom” de Bertrand Russell é vivamente recomendado, observando que os trabalhos do autor contêm propostas construtivas para o anarquismo.

Russel visitou a Rússia no Verão de 1920 onde se encontrou com anarquistas como Emma Godman e Alexander Berkman que lhe apresentaram a cidade de Moscovo e vários líderes bolchevistas. O livro que reúne as suas impressões dessa viagem, “The Practice and Theory of Bolchevism” (1920), inclui já várias observações críticas à situação numa altura em que qualquer crítica à ditadura bolchevista era vista, pela esquerda, como uma traição. Dois anos depois, quando Emma Goldman procurou refúgio político na Grã- Bretanha, foi Russell que fez as necessárias diligências junto do Home Office, garantindo que aquela se comprometia a não desenvolver qualquer forma de anarquismo violento no país. No jantar de boas-vindas em Oxford, a única pessoa a aplaudir os violentos ataques feitos por Goldman ao governo soviético foi Russell. A reportagem do Freedom sobre o acontecimento terminava assim: “Mr. Russell, o filósofo mais acutilante da Inglaterra, proferiu então um discurso onde demonstrava as suas mais firmes convicções anarquistas.”

Apesar de tudo, Russell manteve sempre alguma distância para com os anarquistas. Recusou, por exemplo, ajudar Emma Goldman a constituir um comité de ajuda aos prisioneiros políticos russos com o argumento que não via uma alternativa melhor ao governo soviético que não resultasse ainda em maior crueldade. Escreve então a Goldman o seguinte: “Não vejo a abolição de todos os governos como algo que tenha possibilidade de se realizar nas nossas vidas ou mesmo durante o século XX”. Mesmo assim, e depois de constatar a inutilidade da sua tomada de posição, acabou por censurar o tratamento dado pelo governo bolchevista aos seus prisioneiros políticos. E quando Sacco e Vanzetti foram executados, Bertrand Russell não teve dúvidas em afirmar que tinham sido injustamente condenados por motivo das suas opiniões políticas.

As atitudes e as suas afirmações libertárias, bem como toda a sua relutância em seguir à risca as posturas anarquistas resultam da sua singular concepção da humanidade e do universo, e do facto de estar consciente da “falácia naturalistica” a que Kropotkine e outros anarquistas não escapavam ao defenderem argumentos baseados na supremacia das leis da natureza, que deviam ser seguidas, mas que na perspectiva de Russell mais não nos levaria que a sermos escravos da própria natureza. Tal não o impedia contudo em reconhecer que “se a Natureza deve ser o nosso modelo, então os anarquistas teriam o melhor dos argumentos. Com efeito, o universo físico está ordenado, não porque tenha um governo central, mas simplesmente porque todos os seres tudo fazem para que assim seja.”

Como ateísta e atomista, Russell (autor do livro “Porque não sou cristão”)  tem uma sombria concepção da humanidade não obstante as suas esperanças de um mundo melhor. Ele considera que o homem é o resultado de uma “conjugação acidental de átomos” destinada a extinguir-se com a morte do sistema solar. Mas apesar da efémera e acidental posição do ser humano no universo tal não significa que o homem não possa lutar para a melhoria de todos. Só a crença no mais profundo desespero pode construir um mundo melhor.

Como humanista, Russell preocupa-se em lutar pela expansão da liberdade e felicidade humanas. Coisa que não é fácil.

Nos anos 50 e 60 Russell envolve-se mais uma vez com grupos anarquistas no Comité dos Cem no âmbito da Campanha pelo Desarmamento Nuclear. O velho filósofo bate-se então pela acção directa não-violenta e pela desobediência civil em larga escala

Nos textos de Bertrand Russell perpassa uma forte brisa libertária como se pode ler no seguinte excerto:

“Thought is subversive and revolutionary, destructive and terrible. Thought is merciless to privilege, established institutions and comfortable habits. Thought is anarchic and lawless, indifferent to authority, careless of the well-tried wisdom of the ages”. (***)

Fonte: Blog Pimenta Negra

(*) Talvez não exactamente um Estado mundial, mas uma organização que, a nível planetário, conseguisse uma coordenação global

(**) Produção sem posse/Acção sem arrogância/ Desenvolvimento sem dominação

(***) O pensamento é subversivo e revolucionário, destrutivo e terrível. Não tem piedade para com as instituições estabelecidas, nem para com os privilegiados, acomodados nos seus hábitos e conforto. O pensamento é anárquico e não obedece às leis, é indiferente à autoridade, e não respeita a bem testada sabedoria de todos os tempos.

Livros de Bertrand Russell em português (PDF): http://pensamentosnomadas.com/livros-de-bertrand-russell-em-portugues-26993

(debate) Os anarquistas e a organização


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Há pouco menos de um ano, na sessão final do Encontro Libertário de Évora, um companheiro italiano, residente em Portugal há vários anos, interveio a dizer que durante as discussões tinha-se falado de tudo, mas o mais importante, o que estava subjacente a todas as intervenções, embora nunca fosse aflorado, era a questão da organização anarquista. Essa era a grande questão, sempre central, no anarquismo há décadas e que nunca era debatida nem abordada de frente. E perguntava ele: sem uma organização específica como vão concretizar as conclusões saídas desse encontro?

Desde aí esta frase nunca mais me deixou de ecoar na cabeça. O busílis, de facto, da questão é a organização, a que permite unir pessoas num projecto, dar-lhes continuidade, preservar a memória e a história, mobilizando para a acção. Este é um velho tema: como anarquistas, trata-se sobretudo de unir para a acção e organizar as tarefas e as actividades, mais do que as pessoas; outros dirão que não, que a existência de uma organização permanente fomenta as lutas e é ela própria uma dinamizadora da consciencialização dos militantes. Este é um debate antigo, tão antigo quanto o anarquismo e que apenas conseguiu ser superado na fase em que o anarco-sindicalismo e as suas organizações operárias, de base sindical, foram pujantes. Hoje, os movimentos libertários, regra geral, vivem atomizados, em lutas parcelares.

Retomamos, por serem actuais e terem influenciado grandemente o anarquismo europeu face às propostas anarquistas oriundas de militantes que viveram e lutaram na Revolução Russa (onde a falta de uma organização anarquista forte foi muitas vezes apontada como a causa para a vitória bolchevique contra os trabalhadores), um artigo escrito na altura por Errico Malatesta onde refuta tais teses. Publicamos também o link para a “Plataforma de organização da União geral dos Anarquistas (Projeto)” a que Malatesta se refere.

Hoje os cenários são diferentes e talvez seja possível fazer uma síntese destas duas posições. A necessidade de um espaço de partilha, coordenação, luta e memória, que não viole a identidade nem os princípios acratas, é cada vez mais urgente.

luís bernardes

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“A Batalha”, nº 273


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Aí está mais uma edição de “A Batalha” (VI série, XLI, nº 273), numa linha renovada que começou há um par de números, com colaboração variada, embora as características anarco-sindicalistas que fizeram deste jornal o porta-voz da central operária CGT, com edição diária, estejam cada vez mais ténues.

Neste número os destaques de primeira página vão para uma entrevista com António Cândido Franco, director da revista de cultura libertária “A Ideia” e para um texto de Rui Mário Pinto, um dos fundadores da nova editora libertária “Barricada de Livros”, cujo primeiro título “O direito ao roubo” será publicado em breve, reunindo textos sobre a corrente libertária formada pelos ilegalistas que sempre actuam à margem da sociedade e das suas instituições.

Também na primeira página há a reter a chamada para a primeira parte de um texto sobre o pensamento de Max Stirner, que continua no próximo número do jornal.

No interior, são vários os temas em abordagem. Um texto de Gonçalves Correia, publicado em 1917; uma breve sobre os Cem anos da revolução Russa; uma conversa entre militantes sobre o significado de libertários, libertaristas e libertarianos; um artigo sobre o Sahara colonizado; artigos sobre o Brasil e Cuba, etc..

(Comunicado) Sobre o ataque em Londres


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No dia 22 de Março teve lugar um ataque fora do parlamento em que quatro pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas. Logo que isto aconteceu, Tommy Robinson, ex-lider do EDL(*) apareceu no local do ataque para falar dum choque de civilizações e de uma guerra contra todos os muçulmanos. As suas declarações acabaram com o anúncio de uma marcha em Londres convocada pelo grupo de extrema-direita Britain First.(**)

A verdade é que estes autodenominados “patriotas” estão encantados com o facto disto ter acontecido. Um fanático deu-lhes a oportunidade que desejavam de tentar provocar um conflito na sociedade com base nos sesu discursos raciais. Eles procuram reconstruir  os seus movimentos em queda à custa do sangue e das lágrimas derramadas pelas pessoas comuns, pretendem utilizar este ataque para justificar a sua própria marca de terror contra a população muçulmana deste país.

Mas não os vamos deixar.

O nosso grupo e a sua rede de apoio conhecem  esta ideologia reaccionária. Hoje os gritos da direita dirigem-se a nós, dizendo que este ataque foi provocado pela nossa tolerância face ao “extremismo islâmico” ou o nosso apoio aos direitos dos refugiados. Estas afirmações baseiam-se na suposição de que há um choque de civilizações neste país. Afirmam que a “cultura inglesa” e a “cultura muçulmana” não podem coexistir e que é inevitável uma guerra.

São mentiras

Os nossos companheiros do movimento antifascista e inclusivamente do nosso próprio grupo estão a lutar na linha da frente perto de Raqqa, a capital do ISIS. Os nossos companheiros lutam numa brigada internacional formada por todas as nacionalidades, religiões e géneros. Lutam juntamente com camaradas muçulmanos no YPG com o espírito do internacionalismo da classe trabalhadora e é desse espírito que hoje precisamos. A sua luta é uma luta contra as mesmas as forças da reacção que tentam dividir as nossas comunidades por motivos étnicos, é uma luta contra aqueles que gostariam de erradicar a minoria yazidi no Iraque, a mesma luta contra os que queimariam frequentadores da mesquita porque são muçulmanos.

Neste momento os fascistas apresentam-se com as mãos estendidas, dando as boas vindas, viradas para cima e abertas. É uma mão estendida que projecta uma sombra sobre a história moderna e que cresceu ao aldo das câmaras de gás de Auschwitz. Devemos recusar esta oferta com a maior rigidez e nojo e no seu lugar devemos cimentar os ideais do internacionalismo da classe trabalhadora. Se não enfrentarmos os fascistas nas ruas e não oferecermos uma alternativa à guerra de raças, seremos derrotados e as sombras do passado consumirão as nossas ruas.

Apelamos a todos os companheiros para que adoptem o lema “Não passarão!”. Destruamos a tentativa do Britain First de crescer à custa da morte dos londrinos. Apoiamos todos e cada um dos antifascistas que querem ver o fascismo derrotado por qualquer meio. Não passarão.

Todos os antifascistas são bem vindos a unirem-se a nós no dia 1 de Abril para se oporem ao Britain First e ao EDL.

London Antifascists

(*) English Defence League é um grupo de extrema-direita, anti-islâmico e que tem na sua história vários confrontos  directos, de rua, com movimentos anti-fascistas.

(**) Britain First é um partido de extrema-direita, fascista, assumidamente nacionalista, eurocéptico, anti-imigração, que fez campanha pelo Brexit. Advogam teses racistas e islamofóbicas e usam métodos ultraviolentos contra os adversários. Do ponto de vista eleitoral são praticamente irrelevantes, mas têm um peso considerável em certas franjas da sociedade inglesa.

aqui: https://londonantifascists.wordpress.com/2017/03/24/laf-statement-on-london-attack/

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