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Mais uma edição do jornal alternativo ‘MAPA’ já nas ruas


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#AltPt | Está aí o Jornal Mapa nº17 (Julho/Setembro).

Um especial sobre a mineração que prepara-se para avançar sobre o fundo dos oceanos – com Açores em vista – apesar do desconhecimento assumido das consequências e impactos. Voltamos a falar de como gestão de fronteiras da UE passa por financiar regimes ditatoriais para manter as praias europeias relativamente limpas de cadáveres. Saboreamos plantas selvagens, para falar de comunidade e não de “gourmets”.

Aprendemos com a resistência indígena, a sua ecologia, terra e saberes. E a resistência dos okupas de Santiago de Compostela e de Setúbal.

Lançamos opinião sobre temas diversos: do rendimento básico universal (ou a prestação da barbárie); da Venezuela; da ajudada do Andanças; das eleições francesas e os seus milhões de abstencionistas ou sobre as florestas zombies da celulose. Recordamos as histórias do transhumanismo e não queremos que se esqueçam da Es.Col.A e do Bairro da Fontinha no Porto; mas também da Palestina; das edições Antipáticas; do Zeca (concluído um Panegírico a José Afonso) ou de Carlos da Fonseca. 

Tem todo o resto do verão para estas leituras! Para que possamos continuar faz a tua assinatura e procura os locais de venda em http://www.jornalmapa.pt/. Contacta-nos em geral@jornalmapa.pt ou por aí…

(Universidade de Coimbra) Repúblicas contra Fundação


 

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Fachada da República Ninho Dos Matulões

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Fachada dos Paços da República dos INKAS

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Fachada da Real República Corsários das Ilhas

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Fachada da República Dos Kágados

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Fachada da República do Kuarenta

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Fachada da Real República Do Bota-Abaixo

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Fachada do Solar do 44

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Fachada da Real República Rápo-Táxo

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Fachada do Farol Das Ilhas

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Fachada da Real República Baco e da República Das Marias

#AltPt Repúblicas de #Coimbra contra o Regime Fundacional

A abertura da discussão da passagem da Universidade de Coimbra a Fundação deu-se no final de Outubro. Desde aí, vários sectores da UC vêm-se manifestando contra este plano organizando algumas conversas e assembleias e espalhando cartazes e faixas.

Também algumas das 25 Repúblicas da cidade têm vindo a posicionar-se publicamente contra a Fundação. Nas últimas semanas, cada vez mais Repúblicas têm colocado nas suas fachadas faixas críticas à passagem da UC a Fundação – e neste momento já são pelo menos 11, como podem ver nas fotos.

Para mais informações sobre as Fundações no Ensino Superior, recomendamos o artigo que publicámos a propósito da abertura da discussão na UC: «As Universidades e o regime fundacional | O Que são, quais os interesses, quem lucra?» em bit.ly/2e2sBEL

via guilhotina.info

4º Congresso dos Jornalistas Portugueses: algumas considerações


Algumas considerações sobre o 4º Congresso dos Jornalistas Portugueses porque estou muito irritado com as coisas que tenho lido pela internet.

1- Ao número de pessoas que vi a reclamar acerca do mesmo, parecia-me um número suficiente para criar um congresso alternativo onde se discutissem os problemas de verdade, no jornalismo em Portugal e não só.

2- Não percebo porque estão a reclamar se desde o 1º momento, já que o acesso é condicionado logo à partida. Quem não tem 40€ para assistir/participar é considerada/o irrelevante. Também diz muito do tipo de pessoas que se quer nesse congresso. Eu não sou jornalista, mas se fosse, seria um precário e com certeza não ia desperdiçar 40€ para ouvir as grandes corporações a encherem-se de elogios e dizer disparates. Sintoma disse mesmo é a crónica do Público de hoje, onde categoricamente um pseudo-director diz que não existe crise no jornalismo e isso são tudo tretas.

3- Olhando para a lista de financiadores, provavelmente acho que me dá vontade de chorar de riso com esta tragicomédia a que se dá o nome de “Congresso de Jornalismo” para de, uma forma muito categórica, assimilar toda a categoria profissional/projectos de informação, quando na realidade a maioria das pessoas que lá estavam faz parte de uma elite mesquinha que anda a desinformar o país desde 1974! ( E aos amigos e amigas que vierem reclamar porque foram, eu sei que existem excepções).

4- Quando se quer debater os problemas inerentes à profissão de jornalista, e tudo o que daí advém, convém começarmos por fazer uma reflexão individual acerca do nosso papel ,em que continuamos a alimentar o mesmo tipo de publicações, o mesmo tipo de corporações e o mesmo tipo de noticias enviesadas desde o 1º momento.

5- De um breve relance que dei pelos painéis propostos e temas em debate, tal como as pessoas convidadas a falar, tudo boa gente! Figuras políticas, empresariais e outras que têm ligações muito duvidosas, parece-me a mim, que não percebo muito da coisa, que o debate está condicionado à partida.

6- Identificar categoricamente o que é jornalismo, como que  restringindo as categorias à media tradicional, é outra coisa que me parece muito raro, mas isto sou que sou desconfiado.

7- Espero que tod@s os presentes desfrutem do ultimo dia e que, pelo menos, quem se aproveita faça uma rede e, aí sim, organize um congresso onde se possam debater os problemas de verdade e não contos de fadas promovidos pelas grandes empresas. Eu que, não sendo jornalista, mas com muito interesse no tema, estarei presente.

Um abraço e divirtam-se!

Bruno Garrido (aqui)

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IV Congresso dos Jornalistas

1) Que outra coisa pode ser este Congresso dos Jornalistas senão, quase só, a manifestação do “quarto” do poder e dos grandes interesses, quando a sua lista de apoios e parcerias é aquela que o Congresso a decorrer no São Jorge apresenta?

Quando tem painéis com os grandes empresários da CS e com os directores dos OCS – patrões e chefias?

Quando o Congresso é inaugurado pelo PR e a promiscuidade com os políticos continua a ser o pão nosso de cada dia de grande parte da classe jornalística?

2) Tudo isto – aliado à precariedade, aos baixos salários, ao controlo da CS – faz com que o jornalismo seja cada vez menos o “quarto poder” e cada vez mais o “quarto” do poder e dos interesses instalados (empresariais, económicos, políticos, de lobby…).

3) Por isso, também, cada vez é mais importante a comunicação crítica e alternativa que urge construir, à margem dos grandes interesses económicos e políticos.

aqui: https://www.facebook.com/PORTAL.ANARQUISTA/photos/a.296793177087642.53912.296105283823098/944414355658851/?type=3&theater

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Estado Espanhol: mais de 20 meios de comunicação social alternativos e críticos conjugam esforços para dar um “salto de escala”


 

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Mais de uma vintena de meios de comunicação social alternativos e críticos do Estado Espanhol estiveram reunidos no passado fim de semana em Madrid a fim de elaborarem uma estratégia que corresponda a um “Salto” em frente no media alternativos e que tem como base “a criação de uma cooperativa, de âmbito estatal, de meios de comunicação e o lançamento de um novo órgão de comunicação social de qualidade, incisivo, com novos formatos e feito a partir das premissas da economia social”, refere uma notícia publicada ontem no Periodico Diagonal (versão online), que esteve na origem desta iniciativa.

O objectivo do Encontro: “reconhecermo-nos numa forma similar de fazer comunicação e assentar as bases de um novo colectivo editor que torne possível um salto de escala”

Na reunião de Madrid estiveram presentes representantes de Diagonal, Pikara Magazine, El Salmón Contracorriente, Arainfo (Aragón), Directa (Catalunya), Praza Pública (Galiza), Último Cero (Valladolid), El Salto Andalucía, Galiza Ano Cero, Wiriko, Nodo50, SiberiaTV, La Marea, Pamplonauta (Nafarroa), La Entrevista del Mes, revista Ecologista, revista Pueblos, Viento Sur, Colectivo Burbuja, Ágora Alcorcón, Revista Bostezo, medios locales como Voces de Pradillo (Móstoles), Periódico de Hortaleza, El Desperttador, Periódico 15M, assim como diferentes rádios livres comunitarias.

Para estes activistas, o “Salto” que é preciso dar é mais do que uma simples rede de meios de comunicação alternativos. “É uma aposta para se alcançar uma escala maior graça a um olhar construído colectivamente” recordou Fernán Chalmeta, do colectivo editor de Diagonal, citado por este periódico na sua página na web.

“Com distintos meios de integração, desde a coordenação de coberturas jornalísticas e trabalhos de investigação conjuntos, passando por partilhar uma plataforma digital e uma publicação mensal em papel com edições locais, o encontro abordou as várias possibilidades em aberto a cooperação entre meios afins, evitar duplicidades e potenciar uma comunicação diferente em tempo de crise. Discutiram-se os passos e detalhes para a criação de uma federação de meios de comunicação, em forma cooperativa, que reordene o panorama mediático no Estado espanhol e no sul da Europa”, refere ainda a notícia.

Para Chorche Tricas, de Arainfo, frente a um cenário de concorrência “é necessário participar, cooperar, desenvolver este ecossistema que criamos com o Salto para crescermos desde a diversidade, o que é uma riqueza em si mesma. Entendemos o jornalismo como uma ferramenta à disposição do tecido social e dos debates e ideias que aqui surgem, como mais uma ferramenta que possibilita essas mudanças”.

“Desde Ultimo Cero, um meio de Valladolid que contribuiu como poucos para desmascarar as teias de corrupção do PP na região, definiram o encontro como “histórico”, um ponto de inflexão na criação de um “novo sujeito”, um novo colectivo que enfrente um desafio tão complicado como necessário: dar a volta à comunicação no Estado espanhol”, refere ainda o Periodico Diagonal.

(França) Reportagem da ‘guilhotina.info’ sobre a manifestação do fim de semana passado na ZAD de Notre-Dame-des-Landes


#França: Forte mobilização em resposta às ameaças de expulsão da #ZAD de NDDL [Relato e Fotos de Guilhotina.info]

Várias dezenas de milhares de pessoas rumaram no sábado a Notre Dame Des Landes em resposta às ameaças do estado francês de começar em breve as operações de expulsão da ZAD (Zona A Defender).

O fim-de-semana de resistência [bit.ly/2d15yd9] começou sábado pela manhã com marchas a sair de três pontos em redor da ZAD nas quais participaram, segundo a organização, cerca de 40 000 pessoas. À insistência do estado francês em avançar com este projecto inútil de um novo aeroporto em Nantes para servir o oeste de França, que conta já com um número excessivo de aeroportos, pessoas de toda a França e de muitas outras partes respondem com solidariedade e determinação.

Um dos mais importantes elementos deste movimento de solidariedade são os comités locais de apoio à ZAD, que existem já em dezenas de cidades francesas. Para além de ajudarem nas mobilizações, estes comités estão prontos para agir, no imediato, em resposta às operações de expulsão – manifestações em várias cidades estão agendadas para o próprio dia em que estas comecem. Foram também comités locais e outros grupos solidários que montaram as cantinas comunitárias que, no final das marchas, serviram (a preço livre) a multidão reunida nos campos próximos à quinta de Bellevue, um dos lugares mais emblemáticos da ZAD, onde agricultores locais e zadistas resistiram bravamente às expulsões de 2012. Várias bancas de comités anti-repressivos (que dão apoio a quem sofre de problemas legais) e pontos com informações sobre várias lutas e temáticas foram também montadas no local.

O lema desta mobilização foi “Que ressoem os cantos dos nossos bastões!” (“Que résonnent le chant de nos batons!”), tendo sido apelado aos manifestantes para trazerem consigo “bastões”. Com esses bastões, num gesto simbólico, foi construído um muro à volta de um desses campos. Durante o resto da tarde realizaram-se várias actividades, festas tradicionais bretãs e concertos com grupos de vários géneros. As actividades continuaram durante todo o dia de domingo, com oficinas de construção, discussões e muito mais!

Para quem esteve presente na ZAD este fim-de-semana, uma coisa ficou clara – os e as habitantes da ZAD, e as dezenas de milhares que as apoiam, estão determinados e vão bater-se até ao fim por aquilo que lá construíram nos últimos 9 anos. E não há lei, decisão judicial nem referendo-decidido-à-partida [bit.ly/2d7FKXC] que valha ao estado francês no momento de enfrentar estas gentes. Em Notre Dame des Landes, não há espaço para o aeroporto, e muito menos para o seu mundo!

Para informações actualizadas sobre o movimento, seguir as páginas ZAD Partout, Non à l’aéroport à Notre Dame des Landes e ACIPA.

aqui (também versão em inglês e mais fotos):  https://www.facebook.com/guilhotina.info/photos/?tab=album&album_id=1059649744151501

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(Colômbia) Sai o número 30 de”El Aguijón”


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Por todo o mundo reaparecem ou nascem jornais, revistas, fanzines de teor libertário, mostrando a fase de crescimento e de implantação do movimento anarquista à escala global, embora assente em projectos estruturados localmente e, regra geral, de pequena dimensão.

“El Aguijón” é uma publicação de jovens anarquistas da Colômbia que tem feito o seu caminho desde 2009. Merece uma espreitadela.

Para ler e download o “el aguijón” 30 (versão web)  : https://issuu.com/elaguijon-klavandoladuda/docs/no._30_para_web

Portal Anarquista:”A desilusão com o actual sistema político vai trazer mais gente para o campo libertário”


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Terminamos hoje a publicação das respostas solicitadas junto dos órgãos que integram a Rede de Informação Alternativa. Há um ano atrás quatro projectos e canais informativos, na web e em papel, juntaram-se e criaram uma rede de partilha e troca de informações. Guilhotina.info, jornal Mapapt.indymedia e Portal Anarquista formam esta rede que, apesar de todas as dificuldades, pretende romper o gueto informativo em que a comunicação e a informação anti-autoritárias, de base assemblearia, sempre tem vivido em Portugal. Como base para um artigo a ser publicado na próxima edição do jornal “A Batalha” sobre a Rede de Informação Alternativa pedimos a cada um destes projectos a resposta a um pequeno questionário. Depois do jornal MAPA, da Guilhotina.info e do pt.Indymedia, publicam-se agora as respostas do Portal Anarquista.

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Quando, como e porquê surgiu o Portal Anarquista?

O Portal Anarquista, com visibilidade na web (blog com perto de 700 mil visitas, e página no facebook com mais de 6 mil gostos), apareceu durante o ano de 2013, depois da extinção do Colectivo Libertário de Évora, constituído um ano antes. Aproveitando a experiência jornalística de alguns dos seus elementos, o Portal Anarquista assume-se como um espaço informativo e de memória libertária, pretendendo constituir-se como um elo de ligação entre os vários núcleos libertários actuando em Portugal e no Brasil, ao mesmo tempo que procura recuperar a história e a memória do movimento libertário nos países que usam o português como língua oficial.

De facto, notámos que apenas uma parte muito pequena de materiais anarquistas, referentes ao movimento em Portugal, estava na web e decidimos intervir nesse sentido, publicando e disponibilizando todos os materiais, a que fomos tendo acesso, na internet. Ao mesmo tempo procuramos traduzir para português os posicionamentos das diversas estruturas internacionais ligadas ao movimento libertário, bem como os artigos e as publicações dos mais diversos autores – conhecidos ou não – de cariz anti-autoritário.

O Portal Anarquista dá também destaque à agenda libertária e anti-autoritária, servindo igualmente de veículo informativo em cima dos acontecimentos, sempre que necessário (nomeadamente através do facebook e do twitter).

Como vêem hoje a informação alternativa em Portugal?

A informação alternativa ainda tem características muito residuais em Portugal, ao contrário do que acontece no Estado Espanhol, França ou Itália. No entanto, a difusão da internet e das várias redes sociais tem possibilitado a criação de espaços informativos sobre os movimentos sociais, com informação actualizada e em primeira mão, permitindo uma alternativa aos órgãos de comunicação do sistema. É preciso, agora, consolidar esses projectos, dar-lhes maior visibilidade e pô-los em rede, articulando-os, de forma a que se crie um real espaço informativo alternativo, ao serviço dos movimentos sociais de base, autogestionários e horizontais – os únicos que têm possibilidade de transformar a sociedade.

O espaço alternativo e assembleário constituiu-se em Portugal (e Espanha) nos últimos anos em torno dos movimentos de rua e de ocupação de espaços públicos. Houve manifestações aguerridas, que hoje parece não ter condições para se repetirem. Como vêm actualmente este movimento assembleário, de junção de lutas, e alternativo ao sistema representativo vigente?

A luta social em Portugal tem conhecido uma pausa relativa nos últimos tempos sobretudo devido à constituição da maioria Costa, Catarina & Jerónimo. A tutela dos sindicatos e de alguns movimentos sociais pela esquerda tradicional tem ainda muito peso, pelo que a participação do PCP e do BE no apoio ao governo do PS tem retirado algum ímpeto à contestação social. No entanto, a constatação que vai sendo feita pelos trabalhadores mais conscientes de que esta solução governativa representa mais do mesmo e que não constitui qualquer alternativa para a construção de uma sociedade diferente, sem exploração nem opressão, torna-se cada vez mais evidente. Também o agravamento da situação económica e financeira do país e as repetidas notícias da corrupção e do nepotismo que tem envolvido grande parte da classe política e empresarial (uma e outra são a mesma coisa) têm permitido uma maior consciencialização por parte de muitos trabalhadores de que o jogo político não é alternativa ao actual estado de coisas. Espera-se – e nós lutamos por isso – que esta desilusão sobre o sistema político vigente faça surgir formas organizativas de índole anarco-sindicalista e mobilize os trabalhadores mais activos e determinados para o campo libertário.

Perspectivas futuras para os movimentos anti-autoritários, horizontais e de acção directa em Portugal? E para a comunicação social alternativa?

Penso que são positivas. Findo o modelo soviético de exploração e opressão, acabadas também que estão as ilusões sobre o modelo do capitalismo neoliberal e esgotado que está o sistema democrático tradicional, assente no jogo eleitoral e parlamentar, os projectos de base, de índole social, autogestionários, federalistas e de acção directa tornam a estar na ordem do dia, reforçando o peso das correntes libertárias e anti-autoritárias nos mais diversos sectores sociais.

Para que tal aconteça são necessários também órgãos e canais informativos alternativos, que criem pontes e solidariedades. Um e outro movimento, o social e o da criação de redes de informação, caminham par a par e alimentam-se mutuamente. Um não pode existir sem o outro.

O que é que os vossos meios ganharam com a constituição da Rede de Informação Alternativa? Projectos futuros.

A Rede de Informação Alternativa tem sido muito importante na divulgação de iniciativas e tomadas de posição diversas, ampliando o universo de activistas que conseguimos alcançar. É um esforço comum que, numa área onde é sempre difícil consolidar projectos conjuntos, mostra a necessidade de avançarmos ainda mais neste sentido e de congregarmos esforços para que a nossa mensagem passe e chegue a mais gente.

Entre os projectos futuros, que temos entre mãos, está a edição de um jornal digital, com actualização diária, que colija e disponibilize a informação alternativa dispersa na rede e noutros colectivos editoriais, de raiz libertária, que têm vindo a surgir.

pt.indymedia: “A social-democracia da troika Costa-Catarina-Jerónimo é ainda um momento do capitalismo”


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Há um ano atrás quatro projectos e canais informativos, na web e em papel, juntaram-se e criaram uma rede de partilha e troca de informações. Guilhotina.info, jornal Mapapt.indymedia e Portal Anarquista formam esta rede que, apesar de todas as dificuldades, pretende romper o gueto informativo em que a comunicação e a informação anti-autoritárias, de base assemblearia, sempre tem vivido em Portugal. Como base para um artigo a ser publicado na próxima edição do jornal “A Batalha” sobre a Rede de Informação Alternativa pedimos a cada um destes projectos a resposta a um pequeno questionário. Depois do jornal MAPA, da Guilhotina.info e agora do pt.Indymedia, seguir-se-ão as respostas do Portal Anarquista.

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Quando, como e porquê surgiu o indymedia?

O indymedia surgiu nos inícios de 2000, inspirado na rede indymedia que “nascera” meses antes em Seattle (Estados Unidos), ainda sob a designação azine.org e sem a possibilidade de publicação livre. Cerca de um ano e pouco depois aderiu à rede Indymedia, embora anos mais tarde o projecto tenha sido quase abandonado e ficado parado durante uns tempos.

O pt.indymedia actual surgiu a 30 de Novembro de 2009. Depois de alguns anos sem um indymedia em Portugal, um grupo de companheiras decidiu reactivar o site por considerar ser uma ferramenta fundamental para dinamizar a informação alternativa, nomeadamente ao permitir uma publicação sem censura por parte de todas as que se movem por um mundo mais justo e solidário, num servidor que não está nas mãos de grandes corporações

Como vêem hoje a informação alternativa em Portugal?

Consideramos que, com a explosão dos blogs e redes sociais, houve um enorme incremento de projectos informativos que procuram uma informação alternativa aos media mainstream. Na sua globalidade, parecem-nos projectos sérios e coerentes. De salientar também o surgimento de alguns projectos em papel. No entanto, consideramos que ainda falta muito para que essa informação alternativa ultrapasse os guetos onde nasceu e de onde pretende sair. E que lhe falta a capacidade de criar agenda(s) própria(s) em vez de ir atrás das agendas dos media empresariais.

O espaço alternativo e assembleário constituiu-se em Portugal (e Espanha) nos últimos anos em torno dos movimentos de rua e de ocupação de espaços públicos. Houve manifestações aguerridas, que hoje parecem não ter condições para se repetirem. Como vêem actualmente este movimento assembleário, de junção de lutas, e alternativo ao sistema representativo vigente?

Esse espaço, que na sua génese teve ideias interessantes do ponto de vista das formas políticas de agir e decidir, foi rapidamente tomado pelos aparelhos partidários, no caso português, ou transformado em partido político, no caso espanhol. No Porto, por exemplo, o Bloco de Esquerda não se inibiu de apresentar uma candidatura à Câmara Municipal, em que palavras como assembleia e colectivo estavam muito presentes, numa tentativa de lucrar com as saudades e o vazio deixado pelo Es.Col.A da Fontinha.

Parece-nos, no entanto, que este tipo de espaços são essenciais para a criação de uma política autónoma e anti-autoritária, mas terão que se desenvolver num processo mais local, como bairros e ruas, podendo, posteriormente, discutir com outras assembleias e procurar pontos comuns de luta. E levantando travões permanentes à entrada dos aparelhos partidários.

Perspectivas futuras para os movimentos anti-autoritários, horizontais e de acção directa em Portugal? E para a comunicação social alternativa?

Os movimentos anti-autoritários, horizontais e de acção directa deveriam ter um papel fundamental em altura de governo de esquerdas. Para manter o espírito de crítico aceso e para relembrar que a social-democracia da troika Costa-Catarina-Jerónimo é ainda um momento do capitalismo que o legitima mais do que pretende ultrapassar ou destruir. No entanto, entre uma esquerda que não pode falar e um movimento autónomo/anarquista demasiado virado para os seus espaços, haverá um tempo sem grandes lutas sociais.

Num momento que não distará muito, o perigo será – novamente – o dos movimentos autónomos não deixarem as suas práticas e as suas ideias serem colonizadas pelos aparelhos partidários ,que – mais uma vez – deverão voltar às loas sobre participação, horizontalidade, luta, democracia verdadeira e quejandos, assim que o cheiro das cadeiras do poder se começar a desvanecer.

A comunicação social alternativa terá o papel fundamental de trazer para o dia apenas a luz e as perspectivas que interessam a quem luta, permitindo que haja um contraponto visível à invisibilidade provocada pelo excesso de informação com que nos bombardeiam televisões, jornais e facebooks ou twitters.

O que é que o pt.indymedia ganhou com a constituição da Rede de Informação Alternativa?

Ganha-se sempre muito com a criação de redes de proximidade ideológica. É uma forma rica de manter as autonomias procurando pontos comuns e desenvolvê-los em função das necessidades e objectivos de todos os projectos envolvidos. O pt.indymedia está neste momento a criar um site novo, procurando corrigir os erros que teimam em persistir neste site actual e que prejudicam a dinâmica para a qual foi criado, sendo a possibilidade de publicação aberta a ferramenta que mais tem sido prejudicada.

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Guilhotina.info: “De nada vale ser um puritano conceptual e um inútil na prática”


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Há um ano atrás quatro projectos e canais informativos, na web e em papel, juntaram-se e criaram uma rede de partilha e troca de informações. Guilhotina.info, jornal Mapapt.indymedia e Portal Anarquista formam esta rede que, apesar de todas as dificuldades, pretende romper o gueto informativo em que a comunicação e a informação anti-autoritárias, de base assemblearia, sempre tem vivido em Portugal. Como base para um artigo a ser publicado na próxima edição do jornal “A Batalha” sobre a Rede de Informação Alternativa pedimos a cada um destes projectos a resposta a um pequeno questionário. Começamos agora a publicar as respostas recebidas. Depois do jornal MAPA e agora da Guilhotina.info, seguir-se-ão as da pt.Indymedia e Portal Anarquista.

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Quando, como e porquê surgiu a Guilhotina.info?

No Verão de 2013, a convite de activistas do 15M (Espanha), várias pessoas ligadas a projectos de comunicação portugueses, tais como Indignados Lisboa, Democracia Verdadeira Já e Ministério da Verdade, participam numa semana de partilha de conhecimentos e aprendizagens nos arredores de Madrid.

Lá descobrem alguns factos interessantes. Primeiro, que já se conheciam todos indirectamente via troca de conteúdos entre os diferentes projectos.

Segundo, que ninguém na Itália, Grécia, Espanha e Irlanda faz a mínima ideia do que se passa em Portugal. Quanto ao vice-versa, já sabíamos ser o caso.

Terceiro, que ainda tínhamos muito a aprender em termos do uso criativo da Internet para comunicação e coordenação, tendo em conta todos os projectos interessantes dos companheiros do Estado Espanhol.

Decidimos então que esta era a oportunidade perfeita para conjugarmos o nosso trabalho, as nossas preocupações em estabelecer pontes de comunicação internacionais (daí o bilinguismo) e tudo o que havíamos aprendido num só projecto. Nasce a Guilhotina.info.

Como veêm hoje a informação alternativa em Portugal?

Ainda pequena, frágil, inconstante…, mas se estiver nas mãos de um grupo de pessoas motivadas e ambiciosas, ainda que trabalhem conforme a sua disponibilidade, pode permitir criar verdadeiras alternativas de informação, capazes de fazerem estragos.

O espaço alternativo e assembleário constituiu-se em Portugal (e Espanha) nos últimos anos em torno dos movimentos de rua e de ocupação de espaços públicos. Houve manifestações aguerridas, que hoje parece não terem condições para se repetirem. Como veêm actualmente este movimento assembleário, de junção de lutas, e alternativo ao sistema representativo vigente?

É preciso ir para além do assemblearismo puramente pelo assemblearismo e parar de tentar recriar o 15M. O momento de 2010-2012, ligado à politização de uma geração que subitamente se viu privada de todas as certezas que lhes tinham sido prometidas pelo pacto social, já passou. Ao lançarem-se novas iniciativas que tomem a assembleia como modelo de organização (ao contrário de um fim em si) é preciso que estas estejam ligadas a lutas específicas (habitação, saúde, educação, etc.), em coordenação com espaços específicos (bairros, universidades, locais de trabalho), ou estarão condenadas a uma rápida dispersão derivada da desmoralização com a falta de resultados concretos, objectivos vagos e guerras internas que daí derivam. Este modelo sofre também com a guerra externa levada a cabo pelo aparelho repressivo, que já aprendeu a não dar tempo à ocupação do espaço público antes de passar ao ataque.

Perspectivas futuras para os movimentos anti-autoritários, horizontais e de acção directa em Portugal? E para a comunicação social alternativa?

Continua a grassar uma enorme falta de capacidade de aprendizagem e de auto-disciplina nos movimentos em Portugal. Fazer parte de um movimento anti-autoritário e horizontal não é uma desculpa para cada um fazer o que lhe dá na cabeça, achando que vai dar tudo ao mesmo – se aparece ou não nas reuniões, se cumpre as suas tarefas ou não, conforme o apetite do momento.

É preciso que quem aspira a estar presente nestes movimentos, primeiro que tudo, estude movimentos idênticos,que partilham ambições semelhantes  e que, ao mesmo tempo, conseguiram alcançar vitórias. Como se estruturam? Como cresceram? Quais as suas tácticas e estratégias? E por aí fora. De nada vale ser um puritano conceptual e um inútil na prática.

O que é que os vossos meios ganharam com a constituição da Rede de Informação Alternativa? Projectos futuros.

A rede de informação alternativa foi para nós um primeiro passo para abrir linhas de comunicação entre diferentes projectos que achámos interessantes e com os quais gostaríamos de colaborar. Já deu frutos na forma de partilha de conteúdos, rapidez de resposta na coordenação, assim como na organização de eventos, tal como o encontro em Coimbra no qual participaram também a La Directa, Periodico Diagonal e Radio Vallekas, oriundos do Estado Espanhol.

Conforme os diferentes projectos vão ganhando estabilidade e reforçando os seus meios e contactos, abrir-se-ão mais oportunidades para colaboração entre estes.

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Jornal MAPA: “A comunicação social alternativa deve ter a capacidade de pôr em contacto as diferentes formas de lutar e criar”


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Há um ano atrás quatro projectos e canais informativos, na web e em papel, juntaram-se e criaram uma rede de partilha e troca de informações. Guilhotina.info, jornal Mapa, pt.indymedia e Portal Anarquista formam esta rede que, apesar de todas as dificuldades, pretende romper o gueto informativo em que a comunicação e a informação anti-autoritárias, de base assemblearia, sempre tem vivido em Portugal. Como base para um artigo a ser publicado na próxima edição do jornal “A Batalha” sobre a Rede de Informação Alternativa pedimos a cada um destes projectos a resposta a um pequeno questionário. Começamos agora a publicar as respostas recebidas. Depois do jonal MAPA, seguir-se-ão as da Guilhotina.info, pt.Indymedia e Portal Anarquista.

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Quando, como e porquê surgiu o jornal MAPA ?

O jornal MAPA nasce em Dezembro de 2012, fruto da vontade de algumas pessoas, envolvidas já há anos em grupos ou acções anarquistas, em terem um meio de comunicação regular, generalista e acessível a qualquer pessoa. Algumas das necessidades que identificámos e que levaram à criação do jornal foram: a falta de projectos de informação crítica, não partidários; a falta de cuidado com a linguagem e a estética de vários projectos à nossa volta; a vontade de criar um jornal em papel (para além da difusão digital dos mesmos conteúdos) não propagandista, baseado mais no mapeamento de problemas e denúncia dos estragos do capitalismo, em vez de fazer a apologia de certos ideias ou políticas como a solução para os problemas atuais.

Como vêem hoje a informação alternativa em Portugal?

Hoje em dia existem alguns projectos formais de informação alternativa que se organizam em torno de colectivos como o MAPA ou a Guilhotina.info, por exemplo, mas existe um forte contributo, não apenas em Portugal, de grande escala, potenciado pelas redes sociais como o Twitter ou o FB e que constituem uma autêntica fonte de informação alternativa. Em momentos de crise social, e não só, é às comunidades e aos seus membros que estão mais “online” que recorremos para saber o que se passa e, mais do que isso, para perceber as diferentes narrativas que vão desde o que dizem os media oficiais ao que se passa efectivamente nas ruas.

No entanto, o facto de termos uma imprensa muito caracterizada pelos CMs e jornais parecidos faz com que seja essencial a existência de mais projectos que publiquem análises, reportagens e notícias bem fundamentadas e que não sejam a voz dos partidos ou da polícia. Portugal tem um número destes projectos incrivelmente pequeno quando comparado com Espanha ou França.

O espaço alternativo e assembleário constituiu-se em Portugal (e Espanha) nos últimos anos em torno dos movimentos de rua e de ocupação de espaços públicos. Houve manifestações aguerridas, que hoje parece não terem condições para se repetirem. Como vêm actualmente este movimento assembleário, de junção de lutas, e alternativo ao sistema representativo vigente? Que perspectivas futuras para os movimentos anti-autoritários, horizontais e de acção directa em Portugal? E para a comunicação social alternativa?

O momento que vivemos é de excepcional paz social controlada por aqueles que, antes, se encontravam na oposição, ou seja, a esquerda. No entanto, parece que, pelo resto do mundo, a crise social e política impõe-se de forma determinante, e disso são exemplo os protestos contra a Loi Travail recentemente, em França. Por cá, não podemos, regra geral, pensar nos mesmos termos ou forçar as comparações.  Também em Portugal existe uma profunda crise social, económica e ecológica que nos querem vender como solúvel a partir das soluções políticas e governamentais da geringonça. Mas parece-nos que as soluções surgem justamente noutros campos onde diversos movimentos desempenham um papel importante.

A comunicação social alternativa deve conseguir manter um olhar fixo sobre todas as experiências que apresentam visões horizontais de organização social, tanto sobre as que se organizam para lutar, como sobre as que se organizam para construir. No entanto, o importante é justamente fazer as pontes, ainda pouco construídas, entre diversas propostas e abordagens. A comunicação social alternativa deve ter esta capacidade de pôr em contacto as diferentes formas de lutar e criar.

O que é que o MAPA ganhou com a constituição da Rede de Informação Alternativa?

Em primeiro lugar, todos os projectos ganham com as parcerias e a as partilhas de conhecimento. Por outro lado, a criação de um espaço de debate para pensar a informação que fazemos é essencial se queremos continuar a desenvolver este tipo de projectos. Existe a possibilidade de coordenação e junção de esforços (mesmo que pouco explorada) para campanhas e momentos específicos, o que no caso da rede de informação alternativa tem particular interesse já que é composta por projectos que têm formatos diferentes (papel, site, fb, etc., etc.).