Day: Setembro 11, 2013

Exposição sobre a obra e a vida de Manuel Ribeiro é inaugurada esta sexta-feira, dia 13, na Universidade de Évora


manuel ribeiro programa

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Esta sexta-feira, dia 13 de Setembro é inaugurada uma exposição sobre a vida e obra do autor de “Planície Heróica”, um dos livros mais intensos escritos sobre o Alentejo e a “saga” dos trabalhadores rurais alentejanos das primeiras décadas do século passado, no corredor da Biblioteca Geral da Universidade de Évora (Colégio Espírito Santo).

Poeta, romancista, jornalista, ativista político e também um dos mais destacados militantes anarco-sindicalistas da Primeira República, Manuel Ribeiro foi um dos precursores do Neo-realismo e também um dos primeiros escritores a introduzir na literatura a linguagem e as vivências da cultura alentejana.

Nesta exposição divulgam-se documentos inéditos do espólio de Manuel Ribeiro, depositado na Biblioteca Municipal de Beja – José Saramago.

Sobre Manuel Ribeiro escreveu António Cândido Franco o seguinte apontamento no blog “A Ideia Livre”:

manuel ribeiroManuel Ribeiro (1878-1941)

Manuel Ribeiro (1878-1941), natural de Albernoa, freguesia de Beja, foi um dos mais destacados militantes anarco-sindicalistas da primeira República. Com pouco mais de vinte anos veio para Lisboa, dedicando-se à tradução e ao jornalismo. É também o momento em que inicia uma obra literária, que anos mais tarde dele fará um dos mais lidos escritores do tempo. Como tradutor, verteu para o português obras de Gorki, Tolstoi, Kropotkine e Paul Elzbacher. A ligação militante ao anarquismo operário data de 1908, mas a primeira colaboração com a imprensa libertária é de 1909. Entre 1912 e 1914 é um dos mais assíduos colaboradores do semanário O Sindicalista, órgão da corrente operária libertária. Com o fim deste e a fundação de A Batalha, Manuel Ribeiro transfere para este diário a sua colaboração, que mantém até Março de 1921.

A revolução russa de 1917 dividiu o movimento operário mundial e Manuel Ribeiro, vendo nos sovietes um equivalente do sindicalismo revolucionário, toma partido pelo bolchevismo, fundando com outros a Federação Maximalista, cujo jornal dirigiu, e o Partido Comunista Português. Mais tarde, em 1926, converteu-se (em privado) ao catolicismo. A conversão não levou porém o autor a alhear-se das antigas preocupações, acabando por se manter dentro da mesma esfera, com a aproximação a sectores católicos socialmente empenhados. Dirigiu nesses anos a revista católica Renascença, fundou uma outra, Era Nova, esta com o padre Joaquim Alves Correia, e publicou um livro de ensaios, Novos Horizontes (1930), em que esclarece a sua separação da fórmula integralista, que por então dominava nos meios católicos.

Talvez por isso Alexandre Vieira, o principal redactor de A Greve, d’O Sindicalista e d’A Batalha, não tivesse dúvida em citá-lo muitos anos depois no pórtico de abertura de Figuras Gradas do Movimento Social Português (1959, p. XI) como um dos que prestaram excelente cooperação ao Movimento Sindicalista, ao lado de Aurélio Quintanilha, César Porto, Sobral de Campos, Pinto Quartim, Jaime Brasil, Julião Quintinha, Artur Portela e Cristiano de Carvalho, todos sem biografia constituída nesse livro repositório do primeiro sindicalismo português.

O legado de Manuel Ribeiro, pelo trajecto variadamente complexo do autor, não é um legado fácil. Ainda assim não nos parece justo avaliá-lo na esfera da apostasia, ou da oportunidade de ocasião, pois as inquietações religiosas do autor, aliadas a um interesse erudito pela arquitectura do sagrado, eram por ele assumidas publicamente desde 1916. E o seu primeiro romance, A Catedral, em cuja medula palpita toda a questão da sua posterior conversão, é de 1920, ano em que publica a compilação das crónicas n’O Sindicalista e n’A Batalha, em que se empenha na consolidação do Bandeira Vermelha, órgão da Federação Maximalista, e em que projecta a criação do Partido Comunista, além de ser aquele em que passou três meses no Limoeiro na sequência duma greve dos Caminhos-de Ferro.

Sobre esta figura tão complexa como hoje desconhecida, Gabriel Rui Silva fez uma longa investigação de anos pelos arquivos e bibliotecas de que resultou em 2009 uma dissertação de doutoramento apresentada com sucesso à Universidade Aberta. Essa dissertação académica foi agora dada à estampa em livro, Manuel Ribeiro, o Romance da Fé (2010, ed. Licorne, pp. 304; ver editoralicorne.blogspot.com). Dela fez ainda o autor uma curta sinopse, em poucas páginas, que acabou de dar à estampa no último número da revista A Ideia (nº 69, Abril, 2011).

António Cândido Franco / 16 de Maio de 2011

Publicado no blog A Ideia Livre em 18 de Maio de 2011

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Comunicado da Federação Anarquista Ibérica (FAI) contra a intervenção militarista na Síria


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Desde a Federação Anarquista Ibérica (FAI) opomo-nos e condenamos de forma veemente a intervenção militar na Síria, assim como qualquer tipo de intervenção militar que aconteça no mundo.

O povo sírio tomou parte nas revoltas da denominada Primavera Árabe, levantando-se contra a ditadura e a opressão do regime. As lutas intestinas pelo controlo político, religioso e económico daquela zona entre a Arábia Saudita e o Irão, assim como entre os Estados Unidos/Israel e a Rússia, conduziram a uma guerra totalmente sectária e sem quartel em que a vítima directa deste genocídio é o povo.

Condenamos a estratégia dos Estados Unidos de criar confusão, manipular através de todos os meios de comunicação ao seu serviço e mentir para legitimar a intervenção imperialista, tal como fez noutras ocasiões no Afeganistão, Iraque ou Vietname e fará no futuro.

Ao mesmo tempo demonstramos o nosso asco e repulsa a todos os partidos e sindicatos espanhóis que, declarando-se de esquerda, apoiam genocídios como o que existe actualmente na Síria (pela acção do seu governo ou pela intervenção imperialista), assim como qualquer intervenção militar que desemboque numa carnificina humana.

Solidarizamo-nos com todos os povos e todos/as os/as trabalhadores/as dos países árabes, que lutam diariamente contra a opressão dos governos, dos estados, das religiões, e sofrem a repressão dos próprios governos e de todos os governos títeres dos interesses russos ou dos Estados Unidos, que só procuram defender os seus interesses espúrios face ao interesse dos/as trabalhadores/as e à liberdade dos povos.

Nem guerra entre povos, nem paz entre classes!

FAI

aqui: http://www.portaloaca.com/opinion/7945-comunicado-de-la-fai-en-repudio-a-la-intervencion-militarista-en-siria.html

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(Chile) Nos 40 anos do golpe fascista: recuperando a iniciativa, construindo a alternativa popular


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Chegou um novo mês de Setembro que não poderia estar mais carregado de simbolismo. Como recordávamos no mês passado cumprem-se 40 anos do golpe de Estado ocorrido em 11 de setembro de 1973, através do qual a burguesia chilena, com o apoio activo do governo dos Estados Unidos, derrubou o governo da Unidade Popular e abriu um período de intensa repressão contra a esquerda e o povo organizado.

É hoje evidente que a violenta repressão sofrida durante os 17 anos de ditadura procurou instalar o medo como uma muralha para evitar o ressurgimento das organizações populares. Esse medo conseguiram-no espalhar através do “barulho dos sabres” até muito recentemente, mas está a ficar sem base de sustentação e começa a desaparecer. Podemos dizer com orgulho que estamos a ser capazes de afastar o terror imposto e, neste processo, conseguimos voltar a ganhar a rua como espaço de expressão política e desafiar, através de reivindicações de fundo, as bases de apoio do regime.

Aqueles que nos últimos anos nos temos mobilizado no país, seja nas manifestações estudantis, seja na luta para mudar o sistema previdenciário injusto, através de greves ou paralisações ou nas barricadas comunitárias contra o centralismo, estamos a lutar, sabendo-o ou não, contra a herança funesta de Pinochet, reflectida no modelo económico vigente, na actual estrutura institucional e no défice social aberrante que sofremos como povo. E o principal objectivo dos golpistas foi criar as condições de submissão que lhes permitissem fazer uma profunda transformação do país, mediante um conjunto de reformas laborais, económicas, sociais e culturais com que tentaram pôr fim ao protagonismo dos sectores populares.

Durante os mil dias do governo da UP, o povo foi capaz de realizar progressos significativos nos seus anseios mais profundos, combinando os esforços dos trabalhadores, moradores, estudantes e profissionais, todos trabalhando lado a lado para construir o socialismo e multiplicando iniciativas antagónicas com a ordem dos ricos, que se materializou na construção de órgãos embrionários de auto-governo, tais como os Cordões Industriais, os Comandos Comunais, as ocupações de terras e o controlo territorial, as Juntas de Abastecimento e Controlo de Preços, entre outros. Sem dúvida, foi o período de nossa história em que mais se alargaram as possibilidades de participação política para as grandes maiorias do país, que haviam sido sistematicamente deixadas de lado pela democracia formal e restrita, em vigor até então.

Se há uma lição que as/os libertários acreditamos que é necessário retirar desses anos é o desejo de uma construção colectiva e de gerar a unidade necessária para construir a força social capaz de fazer mudanças estruturais. Os desafios que, enquanto esquerda, temos pela frente são enormes. Num acelerado processo de realinhamento das forças do bloco dominante, que procura canalizar e aproveitar o protesto social, é urgente forjarmos espaços de articulação que não girem apenas à volta de uma opção táctica particular, mas sim em torno de objectivos estratégicos que projectem politicamente todo o esforço acumulado nestes anos de renascimento do movimento popular e disputarmos a hegemonia aos donos do país. Neste sentido, hoje é útil lembrar o sentimento de generosidade política e unidade na diversidade que permitiu que o povo e a esquerda, para além das suas diferenças, se tivesse constituído como o actor central da vida nacional.

Durante este mês vamos lembrar aqueles que caíram de pé lutando por uma vida digna para todos e renovamos o nosso compromisso de continuarmos a pôr todos os nossos esforços no abrir de caminhos para o socialismo e para a liberdade, e essa é a melhor homenagem que lhes podemos prestar.

Nem um segundo de silêncio, toda uma vida de combate!

Vivam os que lutam!

Venceremos!

(Editorial do número de Setembro de 2013 do jornal libertário chileno “Solidaridad”)

aqui: http://periodico-solidaridad.blogspot.pt/2013/09/a-40-anos-del-golpe-recuperando-la.html

Mais sobre os 40 anos do golpe fascista no Chile:

http://acciondirectachile.blogspot.com.ar/

http://metiendoruido.com/2013/09/especial-grafico-ni-perdon-ni-olvido-a-40-anos-del-golpe-seguimos-luchando/

http://metiendoruido.com/2013/08/por-que-no-tods-cabemos-en-la-moneda/

http://metiendoruido.com/2013/09/carta-de-los-cordones-industriales-a-salvador-allende/

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