Os movimentos libertários denunciam uma “operação política” por detrás das prisões e buscas do caso Pandora, que esta quarta-feira viveu um novo episódio com a detenção de mais 9 pessoas acusadas de pertencerem a organizações “com fins terroristas”. Numa conferência de imprensa, esta tarde, os colectivos anarquistas e as entidades que os apoiam, acusaram os Mossos de actuarem “contra as ideias e contra um movimento político”, com o objectivo de destrui-los à força de os relacionarem, asseguram, com o conceito de “terrorismo” sem a imputação de factos concretos.
“Só levaram material político”, disse o porta-voz do movimento libertário, de nome Llibert. Entre as apreensões estarão livros, revistas, computadores, sprays e bandeiras. “Há anos que a polícia se esforça por ligar o anarquismo à violência, mas não conseguem: somos espaços de construção e defesa do direito à habitação, dos direitos laborais ou contra a violência sexista”, declarou Llibert aos jornalistas, acompanhado de uma trintena de pessoas.
O caso Pandora , nas suas duas fases – ontem e no mês de Dezembro passado – acumula já 20 detenções. Os nove detidos de ontem – de colectivos como Acció Libertària (de Sants), Procés EMBAT ou Elissa – foram levados para a Audiência Nacional e está previsto que prestem amanhã declarações. No caso dos 11 presos de há quase um ano, sete deles estiveram em prisão preventiva durante mês e meio, mas já se encontram em liberdade. O processo, segundo os advogados, está parado há meses.
Os advogados de defesa consideram que “se ultrapassou uma linha vermelha” ao serem utilizadas ferramentas de “excepção penal”, em referência à legislação antiterrorista contra movimentos sociais críticos. Durante a conferência de imprensa, Andrès Garcia, advogado de três dos detidos, convidava o Colégio de Advogados, Juízes e Fiscais a fazer uma reflexão sobre “o uso extensivo” destas ferramentas penais e da palavra “terrorista”.
Nas detenções do mês de Dezembro a defesa já criticava o facto das decisões judiciais não serem capazes de relacionar os factos denunciados – como a colocação de um artefacto explosivo na Catedral de Almudena em 2013 ou atentados contra sucursais a bancos – com nenhum dos detidos em concreto.
http://www.btv.cat/btvnoticies/2015/10/29/suport-anarquistes-operacio-ideologica/