Um texto anarquista produzido “de dentro” da reforma agrária em Portugal (1976)


001

A sementeira 1 (1977)

Quando no início de 1975 os trabalhadores agrícolas alentejanos começaram a ocupar as terras, de uma forma quase espontânea, respondendo ao absentismo e à fuga de muitos latifundiários, que tinham sido o braço direito do regime fascista e como resposta ao elevado desemprego nos campos, a generalidade do movimento anarquista em Portugal acompanhou este processo com algum distanciamento, até porque alguns sectores temiam que a reforma agrária fosse apenas o iníco de um processo para que o PCP tomasse o poder pela força. Talvez por isso não foram muitos – dada também a fraqueza do movimento libertário e a sua existência circunscrita aos grandes centros urbanos – a acompanharem o processo em curso nos campos. Mas isto não significa que algumas dezenas de anarquistas, espalhados por várias cooperativas e UCPS, não tenham participado neste movimento, inicialmente genuíno, de pôr a terra ao serviço de quem a trabalhava. Houve anarquistas em cooperativas da zona de Coimbra, em Árgea, na Torrebela, mais a sul na zona de Alcácer do Sal, no Ciborro, etc.

A sua participação neste processo deu origem a alguns artigos de jornal e, entre outros, a um texto publicado no primeiro número da  revista policopiada “Sementeira”, saído em 1977 (esta revista teve ainda um segundo número dedicado ao reaparecimento do movimento anarco-sindicalista  no Estado espanhol). Embora seja muito datado este texto escrito por um militante libertário que estava, nesse momento, a trabalhar numa cooperativa do distrito de Santarém, mas com muitos contactos com cooperativas do Alentejo, mostra as preocupações que existiam na altura e também as referências ao que se passou durante a revolução russa e a repressão que atingiu os camponeses ucranianos por parte do regime “soviético”. Um excerto deste texto foi posteriormente publicado pela revista anarquista espanhola “Bicicleta”, de Madrid.

3 comments

Deixe um comentário