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Carta do Brasil: “A situação aqui é crítica. Tenho medo até de um novo golpe militar.”


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Publicamos este texto de Francisco Castillo, que foi inserido na caixa de comentários na página do facebook do Portal Anarquista em que dávamos destaque à intervenção da estudante Ana Júlia, na  assembleia legislativa do Paraná. O texto sintetiza as razões de luta dos estudantes brasileiros e as suas apreensões face à resposta autoritária do governo e das autoridades.

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Não só contra essa proposta de censura que nós estamos nos organizando. Nós também estamos lutando contra diversos abusos do governo de legitimidade duvidosa (apesar de eu achar que qualquer tipo de regime onde não haja democracia direta é ilegítimo) que quer fazer cumprir a todo custo e com medidas autoritárias uma agenda liberal que começa com uma emenda constitucional (a PEC 241) que corta por 20 anos investimentos em saúde, educação, programas sociais, previdência e em outras áreas vitais para a população brasileira. O mais revoltante que isso acontece ao mesmo tempo que todos os políticos estão aumentando os próprios salários (prática extremamente comum no Brasil) (os salários devem estar girando em torno de R$ 40.000 em media, o que da mais de 10.000 euros, e isso sem as dezenas de benefícios).

Alem dessa emenda constitucional, eles estão querendo censurar o direito de liberdade de expressão dos professores em sala de aula (como vcs ja sabem) e absurdos ainda maiores, como cortar sociologia e filosofia do currículo. Mas, como se não bastasse, este governo ainda promete fazer uma grande reforma trabalhista e previdenciária no próximo ano, que reduzira em muito os direitos dos trabalhadores e dos aposentados. Contratos de terciarização poderão prevalecer sobre a legislação trabalhista. Alem disso tudo, existe um plano a longo prazo da base aliada deste governo de terciarizar todos os serviços públicos e de privatizar a saúde e a educação do país, medida que é apoiada pela nossa desprezível direita que se embaseia na escola austríaca, nos ditadores militares que governaram o pais e no desprezível ditador chileno Pinochet.

Apesar de estarmos ocupando as escolas e lutando com todas as nossas forças, não estamos conseguindo mobilizar a população do pais em favor a nossa causa, já que ela se encontra alienada por uma midia neoliberal e enfurecida contra a demagogia e a corrupção do ultimo governo q se dizia de esquerda que acabou de cair devido a uma politicagem mafiosa executada no congresso.

Acho que estou aqui em um pedido de socorro para vocês, já que vejo que aí na europa vocês conseguem fazer uma oposição muito mais forte a esse tipo de coisa. Nós no Brasil já sofremos com as oligarquias nacionais e com o imperialismo internacional durante os últimos 200 anos. A situação aqui é crítica. Tenho medo até de um novo golpe militar.

Francisco Castillo

(jjllmadrid) Em dia de greve de estudantes em Espanha: que a desobediência se espalhe!


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Para amanhã foi convocada pelos sectores estudantis ligados aos partidos e ao reformismo sindical uma greve estudantil em Espanha. Uma greve simbólica que serve a agenda partidária e que poucos resultados terá para o dia-a-dia dos estudantes, como referem as Juventudes Libertárias de Madrid que fazem um apelo à desobediência e a acções mais eficazes.

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Que a desobediência se espalhe

Morram as greves domesticadas (e a domesticação)

No reino da obediência tudo se repete, tudo se reproduz. Repetem-se o tédio e a rotina na sala de aula, no bairro ou no trabalho. E neste triste panorama, em que até as ferramentas de luta e ruptura da normalidade, tais como as greves, têm sido domesticadas, a obediência manda sem oposição.

Obediência é o Sindicato de Estudantes e as suas greves de um dia, que só servem para, face à imprensa, justificarem o seu papel traidor. Obediência enlatada é o que nos oferecem todas as organizações juvenis e estudantis (mas, sobretudo, senis) de carácter marxista, esperando poder ocupar o papel do Sindicato de Estudantes. Obediência é lutar pelas cadeias, querendo mudar as suas argolas, mas mantendo intacta a sua opressão: isso é o que significa lutar pela escola pública, pela educação do Estado, pela educação do empresariado e pelas suas necessidades.

Ataquemos a vida domesticada com que os empresários, os políticos (de qualquer partido) e os líderes estudantis nos brindam. Passemos por cima de partidos políticos e sindicatos. É hora de atacá-los e varrer a todos, não para estudar ou trabalharmos mais dignamente, mas para varrermos a opressão, a desigualdade e o tédio das nossas vidas. Acabemos com a escola, o trabalho e o mundo que dele precisa.

Estendamos a revolta dirigindo-a directamente contra o Estado e o Capital. Recuperemos a greve como um ponto de ruptura completa e ponto de encontro na luta dos explorados e exploradas, de forma a proclamarmos o fim da obediência.

Não às greves domesticadas, nem à domesticação!

Fim da obediência!

Juventudes Libertárias de Madrid

[1] https://juventudeslibertariasmadrid.files.wordpress.com/2016/10/que-cunda-la-desobediencia.pdf

tradução: agência de notícias anarquistas-ana (com alterações)

O conceito de «escola sem muros»


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O conceito de «escola sem muros» parte de uma tomada de consciência, de que nós estamos todos (con-)centrados numa ideia de «escola», vista como uma espécie de fábrica de «futuros trabalhadores e cidadãos», coisa que correspondeu à era taylorista e fordista do século XX.

Porém, a escola como aparelho ideológico do Estado (sem dúvida permanece assim, mesmo em escolas privadas ou cooperativas) é uma realidade que esmaga o indivíduo, que o marca a ferrete como sendo «escolarizado» (ou não), «detentor de diplomas» (ou não), ou seja como explorável, como «útil-utensílio» na forma última de alienação no trabalho e pelo trabalho. A questão do trabalho mercadoria, não poderia ficar assim «limitada» ao que se passa no local de trabalho: Como Marx viu e muito bem, a alienação do trabalhador implica que este esteja completamente destituído de poder, escravo à mercê de uma máquina impiedosa que se destina a «fabricar» lucro somente.

O homem é portanto reduzido a uma «variável ajustável» às conveniências da «empresa», do capital. O capital é que rege o nosso ser e devir de nós todos, produtores/consumidores que somos.

 Apenas teremos uma hipótese de nos emanciparmos: a de nos apossarmos de nosso ser, nossa inteligência, vontade, querer e «coração», para construir (ou reconstruir) um mundo onde o humano esteja no centro. O mundo social é um mundo sempre construído por nós, mas o nosso «input» é variável.

Podemos ter um input de «formigas» ou seja, de meros AGENTES ANÓNIMOS, intercambiáveis, exploráveis, recicláveis ou deitados fora, como lixo! Ou sermos PROTAGONISTAS, da nossa própria vida, da nossa construção interior, da nossa educação, dos laços diversos que constituem a teia única de cada ser no seio da sociedade.

Podemos fazer isso, sem necessidade de grandes teatros e proclamações, de grandes manifestos e marchas, que são encenações do capital, ou seja, formas dele nos ludibriar e nos convencer de que somos nós próprios a fazer algo: autoconvencidos de que exercemos vontade própria, de que estamos a mexer com algo, de que estamos a ser «agentes ativos» de mudança. Porém, estamos a ser auto intoxicados com o nosso ego imaginário, com o fantasma ideológico plantado dentro dos nossos cérebros e nosso ser VERDADEIRO, AUTÊNTICO, está escravizado, silenciado.

A estratégia do capital é muito subtil e eficaz, senão seria de todo impossível fazer com que a imensa maioria se submetesse «voluntariamente» aos desejos de uma ínfima minoria.

A nossa tomada de consciência significa reconhecer e compreender os mecanismos próprios da sujeição, sedução, conformidade, frustração, negação, dissociação

Esta tarefa faz parte integrante do projeto e tem de contar necessariamente com as contribuições de muitas pessoas e ser objeto de discussões coletivas… É pois necessário suscitar o desejo e o espaço, virtual ou presencial dessa prática.

Manuel Baptista (por email)

(Lisboa) Solidariedade com os “Títeres desde Abajo”


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Ação do 2º Dia de Solidariedade Internacional com os “Títeres desde abajo”

     Arte não é terrorismo – ‪#‎LibertadTitiriteros‬ !

No dia 5 de Fevereiro foram presos dois marionetistas espanhóis, o grupo “Títeres desde abajo”, pela apresentação de um teatro de rua satírico no Carnaval de Madrid tendo as autoridades considerado o espectáculo “apologia ao terrorismo”, devido à presença de um cartaz “Gora Alka-ETA” que fazia alusão à manipulação policial precisamente sobre este tema.
A detenção de Raúl Garcia e Alfonso Lázaro provocaram uma onda de solidariedade que os libertou, porém recaem sobre eles ainda as acusações de “enaltecimento ao terrorismo” e de “delito às liberdades individuais”, ficaram sem passaporte, e têm de se apresentar periodicamente às autoridades.
Exigimos a absolvição das acusações, sendo que o único “delito às liberdades individuais” presente nesta história é a violação da liberdade de expressão, praticada pelo Estado Espanhol que os condena, e o único terror, suscitado pelo autoritarismo que tenta calar as vozes discordantes.

Comunicado e ação com participação de:

# Associação de Estudantes da Escola Artística António Arroio
# Colectivo Estudantil Libertário de Lisboa
# Ait-sp Lisboa – Núcleo de Lisboa da Secção Portuguesa da Associação Internacional dos Trabalhadores

aqui: https://www.facebook.com/colestlib/

(Brasil) Nome de revista universitária homenageia geógrafo anarquista


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Acaba de ser disponibilizado na internet o volume 4, nº 2 de 2015, da revista “Élisée” (do nome do geógrafo anarquista francês Elisée Reclus), uma publicação semestral do Programa de Pós-Graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (TECCER) vinculado a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e tem como objetivo publicar artigos científicos, resenhas, notas de pesquisa, entrevistas e resumos de professores e pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa de prestígio regional, nacional e internacional. Pluralidade teórico-metodológica será garantida na política editorial, assim como o vínculo com os programas de pós-graduação, nível mestrado e doutorado.

Os artigos, entre os quais Hedonismo social na geografia de Élisée Reclus: elementos para pensar uma erótica libertária da solaridade, de José Vandério Cirqueira, podem ser acedidos aqui.

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(Évora) Como um jovem de 12 anos interpelou uma professora ignorante numa aula de História


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Os anarquistas sempre consideraram a educação como um instrumento fundamental para a libertação individual e colectiva do ser humano, em contraponto com a escola considerada como um lugar de reprodução dos saberes e dos valores do sistema capitalista e autoritário que diariamente combatemos.

Nada mais esperamos da escola, enquanto instituição autoritária e reprodutora do sistema social em que estamos inseridos, do que uma mera transmissão de conhecimentos, muitos deles, é verdade, totalmente inúteis ou completamente desactualizados. A escola ensina o passado às gerações que vão construir o futuro.

Apesar disso, todos os anos, muitos milhões de jovens estudantes ingressam nas escolas, num sistema de ensino que, na maior parte dos países desenvolvidos, se foi tornando obrigatório.

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