Day: Janeiro 16, 2015

(Brasil) Eduardo Viveiros de Castro, o antropólogo contra o Estado


454442541_640

Eduardo Viveiros de Castro (nasceu em 1951) é um antropólogo brasileiro, professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sobre ele, Claude Lévi-Strauss, seu colega e mentor, disse: “Viveiros de Castro é o fundador de uma nova escola na antropologia. Com ele me sinto em completa harmonia intelectual”. O antropólogo anarquista Pierre Clastres, autor do livro “A sociedade contra o Estado”,  é também uma das suas referências fundamentais.

*

Por RAFAEL CARIELLO (*)

(…) Eduardo Viveiros de Castro mora com a mulher, Déborah Danowski, e a única filha deles, Irene, de 18 anos, num prédio antigo, estilo art déco, na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro. No apartamento de pé-direito alto, estantes de livros cobrem as paredes já no pequeno corredor que serve como hall de entrada. Na prateleira de uma delas, na sala, vê-se uma foto antiga do antropólogo, na casa dos 20 anos, com o cabelo comprido. Ao lado, um retrato de Bob Dylan.

Numa noite de outubro do ano passado, Viveiros de Castro criticava o avanço do governo de Dilma Rousseff sobre a Amazônia, seus projetos de estradas e usinas hidrelétricas, benefícios ao agronegócio – e descaso com os direitos dos povos indígenas. Sentado no sofá, o antropólogo comparou as ambições desenvolvimentistas da atual presidente à megalomania da ditadura, com seu ideário de “Brasil Grande”.

“Hegel deve estar dando pulinhos de alegria no túmulo, vendo como a dialética funciona”, ele disse. “Foi preciso a esquerda, uma ex-guerrilheira, para realizar o projeto da direita. Na verdade, eles sempre quiseram a mesma coisa, que é mandar no povo. Direita e esquerda achavam que sabiam o que era melhor para o povo e, o que é pior, o que eles pensavam que fosse o melhor é muito parecido. Os militares talvez fossem mais violentos, mais fascistas, mas o fato é que é muito parecido.”

(mais…)

(Textos) Comunicações ao ‘Colóquio Internacional Bakunin e a AIT’ já disponíveis na internet


cartaz-coloquio-bakunin

Seguem abaixo os trabalhos apresentados no Colóquio Internacional Mikhail Bakunin e AIT, organizado pela Biblioteca Terra Livre de 10 a 13 de Novembro em São Paulo (Brasil):

– Bruno Gandin e Gustavo Medina Pose – “El pensamiento vivo de Bakunin: ciencia, poder y libertad” [texto]
– Felipe Corrêa – “A lógica do Estado em Bakunin” [texto]
– Ivan Thomaz Leite de Oliveira – “O dualismo organizacional e a pedagogia libertária. Reflexões acerca da Educação Integral e da Escola Moderna de Barcelona” [texto]
– Jan Clefferson Costa de Freitas – “Elucidações dionisíacas sobre o conceito de liberdade em Bakunin” [texto]
– Jonathan Fonseca do Nascimento- “Bakunin e a gênese histórica da idéia de divindade na consciência dos Homens” [texto]
– José Santana da Silva, Marcos Augusto Marques Ataídes e Renato Coelho – “Black Blocks, os herdeiros de Bakunin – Militância e Enfrentamento na Ação Direta” [texto]
– Luciana Brito – “O papel social da educação em Mikhail Bakunin – do hegelianismo de esquerda ao socialismo revolucionário”[texto]
– Marcelo de Marchi Mazzoni e Marcus Vinicius de Marchi Faria- “Alguns passos rumo ao anarquismo: as origens do anarquismo na Suíça” [texto]
– Márcio Alex Leme – “A Rejeição de Bakunin ao Cientificismo de Karl Marx” [texto]
– Paulo Lisandro Marques – “Bakunin e a Instrução Integral como parte da revolução libertária” [texto]
– Ricardo Ramos Rugai – “O método decisório na organização bakuninista” [texto]
– Selmo Nascimento da Silva – “O lugar das greves na luta de classes segundo a teoria bakuninista” [texto]
– Victor Hugo Soliz – “Bakunin e a Análise da Liberdade” [texto]

aqui: https://coloquiobakuninait.wordpress.com/memorias/

(memória libertária) ‘A Dor’ um jornal anarquista manuscrito que circulava nas prisões



httpmosca-servidor.xdi.uevora.ptarquivoindex.phpp=digitallibrarythumbnails&q=Jornal+A+Dor

 PDF: A Dor: o Grito das Prisões (Ano I, nº 1, Junho de 1934)

BNP_N61_CX110_AHS3876MS442821

PDF: A Dor: Pão, Terra e Liberdade (Ano I, nº 2, Julho de 1934) 

Os jornais manuscritos nas prisões, fossem da autoria de anarquistas ou comunistas, foram relativamente frequentes nas cadeias portugueses. Houve jornais anarquistas em diversas prisões e espaços de deportação de Coimbra a Angra do Heroísmo e ao Tarrafal que tinham como objectivo partilhar informações entre os detidos na mesma prisão ou em diversas prisões e contribuir para o enriquecimento ideológico e cultural dos presos.

Tomás Aquino fala dos jornais manuscritos publicados no Tarrafal pela Organização Prisional Anarquista no seu livro “O segredo das Prisões Atlânticas”, em que relata a vivência dos presos anarquistas (e também de outras proveniências ideológicas) no Campo da Morte fascista e em Angra do Heroísmo.

Mas houve outros jornais deste tipo. O projecto “Mosca”, que tornou visível e devidamente enquadrada uma parte do espólio anarquista que existe em diversos arquivos, destaca também o jornal manuscrito “A Dor”, que circulou na Cadeia de Coimbra na altura em que ali esteve uma grande vaga de presos anarquistas em consequência da preparação do 18 de Janeiro de 1934. São pequenos jornais feitos com dedicação e empenho militante, pedaços da memória de uma luta que nunca esmoreceu. E que hoje continua bem viva e acesa por todo o mundo em torno dos ideais libertários.

aqui: http://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/projecto/index.php?option=com_jumi&fileid=9&p=digitallibrary&q=jornal%20A%20Dor